A energia estratégica

A energia estratégica

O setor elétrico brasileiro tem intercâmbios internacionais de energia por meio das conexões com Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai. A importação de energia com a Venezuela e o Paraguai se dá de forma contínua, uma, para abastecer o sistema isolado de Boa Vista, não havendo, portanto, alternativa de suprimento até que essa região esteja interligada ao SIN, e, a outra, pela importação da energia hidrelétrica de Itaipu referente à parcela do Paraguai.

 

A importação da Argentina e do Uruguai é esporádica. Especialmente em 2017 e 2018, a importação de energia pelo Brasil aumentou muito. Em 2018, o Brasil importou 1.131 GWh da Argentina e do Uruguai, sendo que 866 GWh foram fornecidos pelo Uruguai, esse valor é equivalente a, aproximadamente, 100 MW médios. Esse aumento foi ocasionado pelas baixas chuvas que levaram à queda dos níveis dos reservatórios ao longo dos anos. Vide o caso do Uruguai, por representar o maior volume de importação, o preço médio ponderado da compra de energia pelo Brasil em 2018 foi de 399 R$/MWh. É importante ressaltar também que não parece haver correlação entre o preço no Brasil – PLD e o preço cobrado pelo Uruguai; no primeiro semestre de 2018, quando o PLD era baixo e teve um preço médio de 267 R$/MWh, o preço médio da energia importada foi de R$ 377 MWh, ou seja, 40% mais caro. Cabe salientar que no Sul foram desativados 521 MW de geração térmica a carvão nos últimos três anos.

 

Alternativamente, caso o governo tivesse iniciado o Programa de Modernização do Parque Termelétrico a Carvão (Plano de Modernização) com a implantação de usinas modernas no Sul, região com vocação para a fonte, a economia para consumidor seria de mais de R$ 260 milhões somente em 2018, considerando uma usina com custo variável de 100 R$/MWh. O Plano de Modernização foi proposto em 2011 pela Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), aprovado no Congresso Brasileiro em 2016 e vetado por pressão ambientalista. Com uma visão estratégica, teríamos, além da manutenção de empregos na indústria carbonífera, a garantia de geração de base competitiva, diminuindo a conta de energia do consumidor e reduzindo a emissão de gases de efeito estufa da matriz elétrica brasileira com a substituição gradativa de UTEs a carvão antigas por usinas de última geração e alta eficiência.