A importância do Gasoduto Rota 4b

A importância do Gasoduto Rota 4b

Por André Ceciliano

Ao mesmo tempo em que o Brasil importa gás natural liquefeito (GNL) e paga cada vez mais caro por isso, metade de todo o gás produzido na Bacia de Santos pela Petrobras (que representa 70% da produção nacional) é reinjetado nos campos de petróleo. É isso mesmo. O botijão (GLP) bate a casa dos R$ 120, a Naturgy anuncia aumento de 50% no fornecimento na virada do ano no Rio; a energia elétrica puxa a inflação para cima devido ao acionamento das termelétricas. Enquanto isso, o gás que o país produz retorna ao fundo do mar.

A explicação, de ordem técnica, de que, ao ser reinjetado, o gás produz pressão para a extração de petróleo é verdadeira só em parte, pois até existem muitas outras alternativas além dessa. A verdade sobre esse desperdício repousa numa outra questão, estrutural: faltam gasodutos para levar o gás à terra. Construir infraestrutura custa caro, e, numa visão de curto prazo, vale mais a pena o Brasil importar gás de fora do que construir dutos.

Essa visão, porém, gera uma série de prejuízos. O mais visível é o fato de a nossa matriz energética seguir dependente do mercado internacional e da variação do dólar. A menos visível, mas certamente mais grave, é o impacto dessa estratégia no nosso desenvolvimento como nação.

É sabido que a oferta de gás é fator determinante para a atração de indústrias, motores de qualquer economia. Para ter uma ideia, o Brasil tem 9.400km de gasodutos, pouco mais da metade da malha da Argentina (16 mil Km). EUA e Europa têm, respectivamente, 497 mil km e 200 mil km de dutos.

Atualmente, há um único projeto de expansão da nossa malha em etapa de construção: a Petrobras prevê inaugurar em 2022 a Rota 3. Com 355km de extensão, sendo 307km referentes ao trecho marítimo e 48km ao terrestre, o gasoduto escoará gás natural do Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, passando por Maricá até o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí, onde haverá uma unidade de processamento de gás natural.

É nesse contexto de necessidade urgente de expandir a malha de distribuição de gás natural do Brasil, que se insere o projeto do gasoduto da Rota 4b, que chegou a ser anunciado em 2019, mas permanece no papel.

Confira o texto completo em: https://www.correiobraziliense.com.br/opiniao/2021/12/4973721-andre-ceciliano-importancia-do-gasoduto-rota-4b.html