Consumo de energia sobe 2% em fevereiro
Crescimento em relação a igual período de 2015 ocorreu pelo maior número de dias úteis, afirma ONS.
O consumo de energia no sistema brasileiro em fevereiro alcançou 69.510 megawatts (MW) médios, com crescimento de 2% em relação a igual período do ano anterior, de acordo com dados divulgados ontem pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Foi a primeira alta nessa comparação desde março do ano passado.
Segundo o órgão, porém, o resultado positivo foi motivado pela ocorrência de temperaturas mais elevadas e pelo número maior de dias úteis em fevereiro deste ano.
Com relação a janeiro deste ano, o consumo de energia foi 5,9% superior.
Nos últimos 12 meses até fevereiro, porém, o volume foi 2,1% menor que o observado em igual período anterior, refletindo o baixo desempenho da atividade econômica do país.
Com relação ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal do país, o consumo de energia em fevereiro foi 2,8% maior que o observado em igual período de 2015.
A explicação é a elevação da temperatura e o maior número de dias úteis.
O motivo foi o mesmo para a alta de 1,1%, na mesma comparação observada na região Sul.
O Norte registrou a maior alta, de 4,3%, na mesma comparação.
O desempenho, porém, é influenciado pela interligação do sistema de Macapá (AP) à rede nacional, em outubro de 2015.
Excluindo esse fator, o crescimento do consumo na região seria em torno de 1%, segundo o ONS.
O órgão destacou ainda que o consumo de energia de consumidores eletrointensivos do Norte permanece em patamar “bastante reduzido” desde 2014.
A região Nordeste foi à única que teve queda, de 1,4%, do consumo em fevereiro, em relação a igual mês do ano passado.
“A evolução do consumo de energia desse subsistema, que vinha sendo menos afetada pela conjuntura econômica adversa e pela elevação das tarifas de energia, já sinaliza uma retração significativa nos primeiros meses de 2016″, informou o ONS em boletim sobre o consumo em fevereiro.
Com relação à geração termelétrica, a decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne a cúpula energética do governo, sobre o desligamento de usinas termelétricas neste ano, levou em conta a probabilidade de que chova 70% da média histórica durante o chamado período seco, entre abril e novembro.
O desligamento dessas térmicas possibilitou a configuração da bandeira tarifária amarela em março.
O mesmo cálculo foi utilizado para o desligamento de outras usinas em abril, permitindo a implantação da bandeira verde naquele mês, pela primeira vez desde que o sistema foi implementado, em janeiro de 2015.
A informação está contida na ata da reunião extraordinária do CMSE, realizada na última semana de fevereiro e cujo documento foi divulgado na sexta-feira.
Na ocasião, o comitê decidiu desligar as térmicas com custo de operação superior a R$ 250 por megawatt-hora (MWh), em março, e as usinas com custo maior que R$ 211/MWh, em abril.
As medidas, segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, devem ter um efeito redutor de 6% a 7% nas tarifas.
“Essas decisões tornaram-se possíveis, tendo em vista a expansão da oferta de geração de energia elétrica, o comportamento estável do consumo de energia no país e a melhoria significativa das condições hidrometeorológicas verificadas, que resultaram no aumento das afluências e no consequente replecionamento [recomposição] dos reservatórios equivalentes”, diz o CMSE, no documento.
Apesar de críticas de alguns especialistas, que consideraram que a decisão do fim do mês passado teve motivação política, a ata da reunião ordinária do colegiado da primeira semana de fevereiro, divulgada na sexta-feira, já previa a realização do encontro extraordinário para discutir o tema.
A ideia era verificar as condições do sistema para decidir o valor de custo de operação das térmicas para o desligamento.
No documento, o CMSE havia determinado o desligamento, em março, das térmicas com custo superior a R$ 420/MWh, mas também havia decidido “realizar nova avaliação na semana entre 21 e 27 de fevereiro de 2016 visando retificar ou ratificar o valor do CVU [Custo Variável Unitário] de corte”.
Fonte: Valor Econômico 08/03/2016 Rodrigo Polito