Governo fará encontro de contas das empresas do setor elétrico

Governo fará encontro de contas das empresas do setor elétrico

Crise afeta consumo e cria descompasso entre as geradoras de energia e as distribuidoras 

Governo e agentes do setor elétrico negociam uma saída para mais um desajuste bilionário do setor.

Com a redução da demanda neste ano por causa da crise econômica, as distribuidoras de energia têm contratos equivalentes a 107,1% daquilo que devem entregar de energia aos clientes, segundo cálculo da Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee).

Ou seja, têm de pagar por mais do que aquilo que vão receber. Na outra mão, há uma série de novas usinas com obras em atraso, como Belo Monte, ou que se mostraram inviáveis, em dificuldades financeiras, que estão comprando energia a curto prazo para honrar compromissos.

A ideia em discussão, conforme reconheceu ontem o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, é fazer uma espécie de encontro de contas no qual geradoras que deveriam entregar mais energia do que têm e distribuidoras que querem menos energia do que contrataram se acertariam:

— Uma coisa é a sobrecontratação proveniente da queda (de consumo) de energia, outra coisa são contratos (de geração de energia) que existem e que sabemos que precisam ser revistos pela Agência Nacional Energia Elétrica (Aneel), porque não se colocarão de pé.

Para Nelson Leite, presidente da Abradee, a medida é positiva:

— É um ganha-ganha. É boa para o gerador, que ficaria livre de penalidades por não fazer a obra, para a distribuidora que se livraria do ônus da sobrecontratação, e para o pequeno consumidor, pois colaboraria com a modicidade tarifária.

A Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace) quer que essa eventual revisão retome a distribuição de cotas de geração de energia de hidrelétricas já amortizadas — a energia mais barata disponível no mercado —, beneficiando os consumidores do mercado livre.

— Era uma energia competitiva que todos pagaram pela depreciação dos ativos, mas, lá atrás (em 2012), foi dirigida apenas às distribuidoras — disse Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.

Fonte: O Globo 02/03/2016