Leilão A-5 consolida energia eólica, afirmam agentes

Leilão A-5 consolida energia eólica, afirmam agentes

Fonte fecha o ano com quase 3 GW contratados e caminha para ampliar sua participação na matriz energética
O resultado do leilão A-5, realizado nesta terça-feira, 20 de dezembro, serviu para consolidar a ampliação da energia eólica na matriz energética brasileira. De acordo com o professor Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal, a fonte é uma das vencedoras do leilão. “A eólica ganha cada vez mais competitividade, pela primeira vez ela está em um leilão A-5 e por um preço competitivo. O preço mais baixo foi de uma empresa de cultura europeia, a EDP, que vendeu a R$ 97, o que dá em torno de US$ 54. É um valor muito competitivo”, explica o professor.
Para Élbia Melo, presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, o resultado das usinas eólicas no certame ratificou a expectativa dos agentes para o ano de 2011. Já esperávamos que venderíamos bastante, porque basicamente havia muitas eólicas na competição. Fechamos o ano com a contratação de quase 3GW, porque em agosto vendemos 1929 MW e agora vendemos 976 MW, o que é bem superior a nossa meta de 2GW, vamos fechar o ano bastante satisfeitos com o resultado”, comemora.
O coordenador do Gesel definiu como baixa a contratação de energia. “Nosso grupo esperava mais que 1211MW para um leilão A-5”, comenta. Ele também explica que os empreendimentos hídricos que não foram contratados nesse leilão, tiveram como motivo o preço. “As PCHs não tem competitividade nesse patamar de preço e as usinas do baixo Parnaíba, que são médias – de 56 a 70 MW -, com o preço-teto estabelecido não dá escala econômica para elas serem competitivas e elas não foram compradas. Essas usinas têm que ter um valor maior”, observa.
O preço médio alcançado para as usinas eólicas, de R$ 105,02, não foi motivo de questionamentos para Élbia Melo. Ela o classifica como satisfatório, por ser um retrato da atual conjuntura. “O preço está acima dos R$100 de agosto e reflete as condições do mercado de hoje. Nós vínhamos avisando que a conjuntura agora é outra e que estamos em outro momento de mercado. O preço é competitivo, graças as condições que existem para investimento”, aponta.
Para a presidente da ABEEólica, o certame mostrou que o setor eólico, após a sua fase de inserção, passa por uma fase de consolidação e sustentação no país. “Do ponto de vista da oferta, não há dúvidas quanto ao potencial e do ponto de vista industrial, estamos cada vez mais atraindo indústrias para o Brasil, no mês passado inauguramos mais uma fábrica de aerogeradores, além de termos a disposição de investir dos empreendedores”, sinaliza.
O modelo de leilão adotado pelo governo tem o apoio dos agentes do setor, mas Lucio Reis, diretor-executivo da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, gostaria que os certames não fossem destinados apenas ao mercado cativo de energia, sendo estendido também ao mercado livre. Apesar de reconhecer que no ambiente de contratação livre não há como garantir uma compra por prazos como os do leilão, ele almeja ao menos um prazo de venda para o montante de 30% passível de ser comercializado no mercado livre. “Não dá para garantir prazos tão longos no mercado livre, mas pelo menos o governo deveria estipular um prazo de 30 ou 60 dias em que seria vendido esse montante para o ambientelivre, em um leilão”.
O protagonismo das eólicas também era esperado por Nelson Leite, presidente da Associação de Distribuidores de Energia Elétrica, que pensava em uma queda maior nos preços. “Os preços caíram abaixo do que a gente esperava, teve um deságio bem significativo, principalmente na UHE São Roque, que foi de 25,8%”, pondera.
Leite elege o consumidor com um dos vencedores do leilão, pelo fato do preço razoável gerado pelo deságio, possibilitar a adoção de uma tarifa mais barata. “Toda vez que a gente vê o leilão em que é vendida a energia abaixo do preço de balizamento, isso significa que o consumidor vai colher os frutos com uma tarifa que vai ser menor”, conclui o presidente.
Para Castro, o resultado do leilão A-5 serviu para estabelecer a energia eólica como fonte, mas alerta que a predominância continuará com a fonte hidrelétrica, a base da matriz. “A eólica tende a ganhar importância e ser a segunda fonte, mas a prioridade continuará sendo a hidrelétrica. As duas saírem vencedoras é muito importante, porque garante a segurança do sistema e a manutenção de uma matriz renovável”, avalia o professor.

Fonte: Agência CanalEnergia