Leilão de linhas de transmissão garante investimentos de R$ 12,7 bi

Leilão de linhas de transmissão garante investimentos de R$ 12,7 bi

Apetite.

Licitação realizada ontem atraiu investidores tradicionais do setor elétrico, fundos de investimentos e empresas de outras áreas, após mudanças na taxa de retorno e nos prazos do investimento; dos 35 lotes licitados, quatro não receberam propostas

O governo conseguiu garantir ontem investimentos de R$ 12,7 bilhões em linhas de transmissão de energia nos próximos anos, com o repasse para a iniciativa privada de 31 dos 35 lotes colocados em leilão, num total de mais de 7 mil km. As obras devem durar de 36 a 60 meses. O resultado revelou um forte apetite dos investidores (nacionais e estrangeiros) pelo setor, que vinha de uma série de fracassos nas concessões de transmissão.

O humor da iniciativa privada começou a mudar no ano passado, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mudou as regras do leilão. Houve uma revisão, para cima, da receita anual permitida (RAP, a taxa de retorno dos investimentos), os prazos de construção foram alongados e os lotes, fatiados, para permitir a entrada de empresas menores. Foi o que ocorreu ontem. Sem a presença marcante das estatais e dos espanhóis, que lideravam as disputas do passado, houve espaço para todo o tipo de empresa.

O deságio médio no leilão – ou seja, quanto as empresas aceitaram receber a menos, pelos investimentos, em relação ao teto máximo proposto – foi de 36,47%. Os maiores lotes foram arrematados por empresas tradicionais do setor de transmissão, como Taesa e Cteep, que venceram o lote de maior investimento do leilão. Com deságio de 33,25%, as duas empresas – que formaram o consórcio Columbia – aceitaram construir um conjunto de linhas no Paraná de R$ 1,9 bilhão. A Cteep, que ficou um tempo sem participar de leilões, desde que a MP 579 descapitalizou a empresa, arrematou mais quatro lotes em São Paulo e no Paraná.

Outras companhias conhecidas no setor, mas que atuavam nas áreas de geração e distribuição, também decidiram apostar na transmissão, de olho em retornos mais altos. A Elektro, por exemplo, arrematou quatro lotes, que somam investimentos de R$ 866 milhões, e a Energisa, dois de R$ 625 milhões. A portuguesa EDP, que estreou no setor no ano passado, ganhou três lotes, num total de R$ 3,7 bilhões de investimentos.

O maior deságio, no entanto, veio de uma total desconhecida do Brasil. A indiana Sterlite Power Grid arrematou um lote de linhas e subestações no Rio Grande do Sul, com desconto de 58,87%. Empresas de outros setores também ganharam concessões no leilão de ontem em várias partes do Brasil.

Sem querer comemorar muito o resultado depois do histórico de atrasos nas obras do setor, o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, destacou que o “desafio começa agora”, ou seja, que os empreendedores entreguem o que contrataram. “Infelizmente, este não tem sido um pequeno desafio, quer seja na transmissão ou geração, temos uma quantidade grande de empreendimentos em atraso. ”