Maioria aprova subsídio a energia solar, mas não à conta de luz de igrejas

Maioria aprova subsídio a energia solar, mas não à conta de luz de igrejas

A palavra subsídio começou em alta no verão brasileiro de 2020. Jair Bolsonaro aproveitou a ausência de Paulo Guedes do Brasil no início do ano e mandou cancelar estudos do Ministério da Economia e da Aneel para rever incentivos à instalação de painéis de energia fotovoltaica em residência, estabelecidos, vejam só, por Dilma Rousseff.

Na mesma leva, o presidente encomendou ao Ministério de Minas e Energia um estudo para reduzir a tarifa de energia elétrica de igrejas, num aceno à comunidade evangélica, principal defensora da medida, uma vez que os cultos nos templos se dão sobretudo à noite, quando a tarifa é maior.

Guedes, em sua passagem por Brasília antes de ir a Davos, conseguiu convencer o presidente a abolir a segunda ideia, mas teve de aceitar a manutenção do subsídio para a energia solar. O Ideia Big Data foi a campo, a pedido do BRPolítico, para testar a adesão da sociedade às duas propostas. E constatou que a maioria pensa como Bolsonaro na discussão sobre painéis solares, vendida por ele como se a Aneel estivesse propondo “taxar o Sol”.

Questionados sobre a ideia de suspender o incentivo à energia solar, 44% dos 1.523 entrevistados pelo Ideia responderam concordar com o presidente, com o argumento de que é preciso incentivar o uso de energia limpa. Outros 33% foram contrários à manutenção do subsídio, concordando com a afirmação de que ele atinge apenas os mais ricos, mas todos pagam.

Já a ideia de subvencionar a energia de templos religiosos foi mal recebida, antes de ser suspensa. Para 45%, Bolsonaro erraria se estabelecesse esse incentivo, uma vez que as igrejas já recebem muitos subsídios e isenções de tributos. Outros 34% concordaram com o argumento de que o subsídio é justo pelo fato de missas e cultos serem realizados à noite, quando a energia é mais cara.

O único extrato de entrevistados em que a ideia de subsídio a templos teve maioria foi entre os evangélicos: 48% desse universo se disseram favoráveis à proposta, depois descartada pelo governo.

O Ideia também quis saber dos entrevistados o que achavam de, ao propor incentivos, Bolsonaro contrariar as linhas gerais da política econômica de Paulo Guedes. Para 41%, o presidente está certo ao fazê-lo, pois cabe a ele dar o norte da política econômica. Só 32% consideram que o presidente erra ao contrariar seu “posto Ipiranga” nessas questões.