Mais previsibilidade ao atendimento de sistemas isolados

Mais previsibilidade ao atendimento de sistemas isolados

Apesar de ter pouco impacto na carga total do país, custos para atender áreas isoladas representam considerável impacto nas contas setoriais.

Embora a carga total dos sistemas isolados estimada em 2018 tenha representado cerca de 0,7% da carga total do país, os custos para atender tais sistemas representam considerável impacto nas contas setoriais, já que a geração nos Sistemas Isolados é subsidiada por meio da CCC. Somente em 2018, o orçamento previsto para a CCC foi da ordem de R$ 6,2 bilhões.

Esse elevado custo, associado à alta participação de geração térmica a óleo diesel, reforça a importância da transparência e previsibilidade do planejamento ao atendimento aos Sistemas Isolados, segundo mostra o estudo Planejamento do Atendimento aos Sistemas Isolados horizonte 2023 – ciclo 2018, elaborado pela EPE. Além disso, a empresa considera que o alto custo pode representar uma oportunidade para soluções de suprimento que possam reduzir o consumo de diesel e o custo de geração.

Atualmente, cerca de 3,2 milhões de pessoas vivem em áreas ainda não conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Ao todo, são 270 áreas isoladas, distribuídas em oito estados e atendidas por nove distribuidoras. Do total, 223 localidades não apresentam previsão para serem interligadas ao sistema até 2023, o que representa 83% do total.

As usinas termelétricas a óleo diesel representam 97% da potência instalada nos sistemas isolados. Há ainda uma usina fotovoltaica em Oiapoque (AP), de 3,6 MW; uma PCH, de 10 MW, em Roraima; quatro termelétricas a gás natural (14,4 MW no total) e uma usina a biomassa (6 MW), todas no Amazonas. A elevada participação do diesel faz com que a geração nos Sistemas Isolados seja altamente intensiva em emissões. Para 2019, são estimados cerca de 2,94 milhões de toneladas de CO2 equivalente nessa atividade.

No horizonte avaliado, até 2023, o estudo sugere a substituição do parque gerador existente para 91 localidades da CEA e da EDRR, totalizando 5.629 kW; e a necessidade de expansão para 67 sistemas isolados, totalizando 114.353 kW. Os valores, porém, dependem de aprovação do MME, que definirá as diretrizes para realização dos leilões necessários.

Incertezas

A projeção de demanda dos sistemas isolados é de difícil previsão, segundo o material, pois depende de inúmeras variáveis, tais como econômicas, sociais e demográficas, por exemplo. Esse processo se mostra ainda mais complexo, principalmente por conta das incertezas nas previsões de interligação, quando linhas de transmissão não entram em operação dentro do prazo previsto.

O porte das localidades também se mostra um obstáculo no processo de projeção da demanda. Algumas áreas são tão pequenas que uma nova atividade (comercial ou industrial), ou mesmo movimentos migratórios, podem elevar substancialmente a demanda elétrica.

Novas áreas

De acordo com o relatório, a quantidade de sistemas isolados pode variar a cada ciclo, seja devido a interligações ao SIN ou pela apresentação de novas localidades pelas distribuidoras. Em 2018, as concessionárias informaram 28 novas localidades isoladas à EPE, sendo 27 no Amapá e uma no Mato Grosso.

Essas localidades podem ser eventualmente entendidas como regiões remotas, devido ao porte e, sendo esse o caso, o atendimento deve ser feito através do Programa Luz para Todos. O enquadramento das localidades como região remota ou sistema isolado é feito pelo Ministério de Minas e Energia.

Interligações previstas

Segundo o estudo da EPE, no Acre, a previsão é de que cinco áreas isoladas, das nove registradas, sejam interligadas ao sistema até janeiro de 2022. No Amapá, dos 29 sistemas isolados, oito localidades têm previsão de interligação em dezembro de 2019. No Amazonas, das 95 áreas isoladas, apenas a localidade de Parintins tem previsão para conexão ao sistema em janeiro de 2023. Já no Pará, 17 das 23 áreas isoladas têm previsão de interligação entre janeiro de 2019 e janeiro 2023. Em Rondônia, 15 dos 25 sistemas isolados têm previsão de interligação no horizonte avaliado. Em Roraima, Pernambuco e Mato Grosso não há previsão de interligação das áreas isoladas.