Novas plataformas para comercialização mudam relações no mercado livre

Novas plataformas para comercialização mudam relações no mercado livre

Em 2011, o setor de comercialização de energia elétrica viu nascerem duas propostas que podem trazer grandes mudanças. As plataformas eletrônicas Brix, já em operação, e o Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE), que deve iniciar as atividades em 2012, têm como objetivo mudar a forma de negociação no mercado livre energia de forma a padronizar contratos, facilitar e agilizar negócios.
As regras para comercialização continuam as mesmas. Mas mudam as relações contratuais provenientes de uma padronização nos acordos comerciais. Outra ideia das plataformas é trazer maior transparência em relação ao processo de formação de preço.
Outra aposta é o surgimento de novos produtos para o mercado de energia elétrica – a exemplo do que acontece em bolsas de energia e commodities que existem em outros países. Para o diretor executivo da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Lúcio Reis, as plataformas facilitarão principalmente nos contratos de curto prazo, uma vez que permitem a congregação de vários agentes. “É claro que quanto mais ambientes nós tivermos para fazer a negociação, para o consumidor é interessante”, afirma.
Como as duas plataformas foram anunciadas em um curto período de tempo, ainda não é possível saber com será a competição entre elas. O que deve mostrar qual é mais forte é o volume de energia negociado. A disputa deverá seguir os mesmos moldes das bolsas no mundo e tem como exemplo a concorrência que aconteceu entre as bolsas de valores de São Paulo – Bovespa – e do Rio de Janeiro – BVRJ. Nesse caso, a força da primeira acabou prevalecendo.
A Brix entrou em operação em 28 de julho, com 30 empresas participantes. Hoje, já são mais de 70 empresas, representando 170 agentes do setor elétrico. Entre os clientes estão nomes como Cesp, Eletronorte, Quanta, Bunge, White Martins, Eucatex, Coteminas, MPX, Seal Energy e Compass.
Já a BBCE, que tem sua entrada em operação prevista para 2012, possui a parceria de 12 comercializadoras – Capitale Energia, CMU Energia, Comerc, Ecom, Delta e Solenergias. Ainda vieram Bolt Energias, Tradener, Diferencial, Kroma, Nova Energia e Safira Energia. Outras oito podem ingressar em breve no negócio. No meio desses possíveis novos sócios, estão também companhias que atuam no setor de geração.
“Tendo duas plataformas de negociação, o consumidor pode perceber como é que estão os leilões nas plataformas e tomar a sua decisão. É mais no sentido de uma facilidade”, explica Lúcio Reis, da Anace.
Para o presidente da entidade, conforme forem apresentados os leilões e a oferta de produtos diferenciados, será dada a credibilidade, a liquidez e o volume de negócios das plataformas. “Acho que ainda está muito embrionário. O próprio consumidor está tentando perceber como é que tudo isso irá evoluir”.
Nas projeções da BBCE, seria possível comercializar cerca de 2,5GWmédios em 2012, quando o sistema começa a operar. O montante representa cerca de 50% do mercado spot. Em 2013, seriam negociados 4,5GWMWm e, em 2014, 5GWm. Em 2015 e 2016, seriam, respectivamente, 5,2GWm e 5,3GWm.
A maior parte das transações envolverá o produto spot, enquanto uma parcela mínima será com contratos para médio e longo prazo. Como a plataforma recebeu investimentos de R$12 milhões, a expectativa dos sócios é que o investimento se pague entre 2013 e 2014.
A Brix, por sua vez, já ultrapassou 1 milhão de MWh negociados, com cerca de 950 contratos fechados. “São duas iniciativas. A principio uma é formada por um grupo pequeno de empresas, a outra por um grupo maior. Com o tempo o mercado vai dizer qual a preferência pelo conjunto de empresas que compram e vendem energia elétrica, ou eventualmente as duas, e elas conviverão para sempre”, opina o presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), Reginaldo Medeiros.

Fonte: Jornal da Energia