Aneel vê risco elevado de atraso em novas usinas

Aneel vê risco elevado de atraso em novas usinas

Um problema antigo do setor elétrico tem passado despercebido por causa da queda demanda nos últimos anos e pela discussão em curso sobre o risco hidrológico (GSF): o atraso na construção de empreendimentos de geração de energia elétrica. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), dos 25 mil megawatts (MW) de capacidade instalada de novas usinas contratadas para entrar em operação de 2018 a 2023, 27% (6,8 mil MW) estão com sinalização “amarela”, ou seja com possibilidade de atraso, e 20% (5 mil MW) estão com sinal “vermelho”, ou seja, graves restrições para a entrada em operação.

O período 2020-2021, quando a capacidade instalada apenas de projetos com sinalização “amarela” pode alcançar mais de metade do total previsto para entrar em operação, é o mais preocupante.

No grupo vermelho, o principal empreendimento sem perspectivas de entrada em operação é o da usina nuclear de Angra 3, de 1.405 MW e que sozinha responde por quase um terço da capacidade instalada de projetos em situação mais grave. Completam a lista 1,4 mil MW de outras térmicas, 1,4 mil MW de hidrelétricas de pequeno (PCH) e médio portes, 613 MW de parques eólicos e 54 MW de usinas solares.

Para 2018, a situação é bem mais confortável. Nos primeiros sete meses do ano, entraram em operação 3.087 MW de usinas. E, até o fim do ano, a expectativa da Aneel é que todos os 2.475 MW de potência instalada previstos estejam conectados ao Sistema Interligado Nacional.

De acordo com dados da consultoria PSR, no ano passado, entraram em operação 90% da oferta prevista. Em 2016, houve atraso médio de 11% em relação à previsão original.

Segundo os técnicos da PSR, o nível de atraso diminuiu em relação ao passado. Para eles, a redução do tempo de atraso de implantação de usinas deve-se a um aumento do rigor da fiscalização da agência elétrica.

Em 2013, por exemplo, o Plano Mensal de Operação (PMO) de janeiro, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), previu a entrada em operação de 6.500 MW médios de garantia física. Mas, de acordo com a Aneel, entraram em operação 3 mil MW médios durante o ano.

De acordo com informações do Ministério de Minas e Energia (MME), no primeiro semestre de 2018, entraram em operação 2.948.9 MW de capacidade instalada de geração e 2.758 km de linhas de transmissão no país.

Segundo o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, o risco de qualquer déficit de energia em 2018 é igual a 0,3% para o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, o principal, e zero para o subsistema Nordeste.