Consumidores pagaram R$ 1,2 bi de bandeira tarifária no 1º semestre de 2018

Consumidores pagaram R$ 1,2 bi de bandeira tarifária no 1º semestre de 2018

Tempo seco exige uso de térmicas – Déficit da conta bandeira é de R$ 2,8 bi.

Em junho, 1º mês que a Aneel acionou bandeira tarifária em 2018, consumidores pagaram R$ 714,8 milhões.

Por conta da estiagem e do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, os consumidores pagaram R$ 1,2 bilhão a mais nas contas de luz de janeiro a junho deste ano. A cobrança é referente ao acionamento das bandeiras tarifárias.

Neste ano, não houve cobrança adicional até abril. Em maio, os consumidores passaram a pagar R$ 1 a cada 100 kWh consumidos, pois a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) acionou bandeira amarela. No mês, o montante somou R$ 128,1 milhões.

Em junho, a agência acionou bandeira vermelha 2 em junho, por conta da piora nos níveis de água dos principais reservatórios. A taxa adicionou subiu para R$ 5 a mais a cada 100 kWh consumidos. As taxas pagas pelos consumidores somaram R$ 714,8 milhões na conta bandeira.

O valor é o menor para os 6 primeiros meses do ano desde 2015, quando o sistema de bandeiras tarifárias foi instituído. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o montante é 39% menor. No 1º semestre de 2017, foram arrecadados cerca de R$ 2 bilhões.

Entenda as bandeiras tarifárias

As cores das modalidades –verde, amarela ou vermelha– indicam se haverá ou não acréscimo a ser repassado ao consumidor final. O objetivo das bandeiras tarifárias é sinalizar o custo real da geração de energia elétrica.

A agência explica em quais condições cada bandeira tarifária é acionada

O volume mais baixo nos reservatórios aumenta a possibilidade de as usinas hidrelétricas não gerarem a quantidade de energia estabelecida nos contratos, o chamado “risco hidrológico”. Para suprir a demanda, é necessário despachar usinas térmicas, que custam mais caro.

Para o acionamento das bandeiras, são considerados o custo de geração térmica mais cara, a expectativa de chuvas e o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas.

Deficit na conta bandeira chega a R$ 2,8 bi

Os recursos pagos pelos consumidores vão para a conta bandeira. Para então, serem repassados às distribuidoras de energia para compensar o custo extra da produção de energia no período.

Apesar do desembolso bilionário, o montante arrecadado não foi suficiente pra cobrir todas as despesas para gerar energia. O déficit na conta da bandeira chegou a R$ 2,8 bilhões em junho.

Em entrevista ao Poder360, em julho, o presidente da Abradee (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Leite, afirmou que a forma mais rápida de solucionar o deficit na conta seria aumentar os valores da bandeira tarifária.

Na avaliação do presidente da Anace (Associação Nacional dos Consumidores de Energia), Carlos Faria, a conta não deve ser repassada para os clientes. “Pode ser verdade que o dinheiro não é suficiente, cada vez mais acionamos usinas mais caras. Mas o consumidor não tem que ficar pagando o custo”, afirmou.

Faria defende que o governo incentive a redução do consumo de energia e invista no processo de conscientização sobre o assunto. “As pessoas não estão informadas sobre o que é bandeira vermelha.”

Próximos meses

Em julho e agosto a Aneel manteve a bandeira no patamar mais caro, a bandeira vermelha 2. Na próxima 6ª feira (31.ago.2018), a agência informará qual será a bandeira tarifária vigente em setembro.

As previsões de chuvas abaixo da média ao longo dos próximos meses na região dos reservatórios, devem pressionar as bandeiras tarifárias, na visão de especialistas do setor.

Na avaliação da TR Soluções (empresa especializada em desenvolvimentos de sistemas customizáveis para o setor elétrico), a bandeira deve permanecer vermelha patamar 2 até novembro. A Thymos, consultoria especializada no setor elétrico, também aposta na manutenção da bandeira.