Leilão de transmissão só vende 58% dos lotes

Leilão de transmissão só vende 58% dos lotes

Empresas de fora do setor elétrico foram destaque em disputa esvaziada.

O leilão de linhas de transmissão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) atraiu R$ 6,7 bilhões em empreendimentos, com a concessão de 58% dos projetos oferecidos.

Dos 24 lotes de empreendimentos ofertados, que exigiriam investimentos de R$ 12,2 bilhões, apenas 14 foram arrematados.

Boa parte dos lotes arrematados não teve deságio, enquanto as principais disputas foram protagonizadas por empresas de fora do setor elétrico.

O certame foi salvo de um fracasso maior por essas empresas, que tradicionalmente não disputam os leilões – fundos de investimento e grupos de engenharia e infraestrutura, como o Pátria Investimentos e a WPR Participações, do Grupo WTorre, que se destacaram em diversas disputas, num certame marcado por vários lotes vazios, sem propostas de investidores.

As empresas acabaram atraídas para a disputa depois de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) ter elevado as taxas de retorno dos projetos de transmissão, atendendo a pleito do Tribunal de Contas da União (TCU), que queria evitar um leilão ainda mais esvaziado.

– Para nós é excelente isso, novos entrantes. Talvez a forma como conseguimos estruturar os lotes, menores, fez com que empresas não tradicionais do setor pudessem participar… Diversificação é importante – afirmou o diretor da Aneel José Jurhosa.

RECESSÃO E CRISE POLÍTICA

As linhas não arrematadas serão incluídas pela Aneel num próximo leilão previsto para 1º de julho, de forma a evitar que grandes atrasos tragam problemas futuros para o escoamento da energia no sistema, disse Jurhosa.

Entre os vencedores do leilão também figuraram empresas de energia, como a chinesa State Grid e a Alupar, com dois lotes arrematados cada, enquanto a Taesa, controlada pela Cemig e pelo Coliseu, levou um projeto.

O resultado, com diversos empreendimentos sem propostas, era esperado devido à recessão e à crise política, aliadas a um receio dos investidores quanto ao setor de transmissão, que no ano passado já havia registrado dois leilões em que mais da metade dos lotes não teve oferta.

Nesse cenário, a forte disputa entre empresas por alguns lotes surpreendeu, enquanto outros sete empreendimentos foram arrematados sem deságio – quando há disputa, o consumidor tende a ser beneficiado com tarifas mais baixas no futuro.

O Pátria ficou com o maior empreendimento do leilão, o A, e receberá R$ 404,9 milhões por ano para construir e operar linhas em Piauí, Ceará e Maranhão.

A State Grid arrematou o segundo maior, o C, com receita anual de R$ 334,56 milhões para projetos em Mato Grosso, e um lote menor, O, com receita de R$ 58,2 milhões.

Fonte: O Globo 14/04/2016