Soluções para todos e prejuízos para alguns

Soluções para todos e prejuízos para alguns

A crise hídrica que o setor elétrico enfrenta atualmente tornou necessária a adoção de medidas emergenciais para garantir o suprimento – entre elas a geração térmica. Quanto a isso, não há outra alternativa: enquanto não chover de forma satisfatória, será preciso mantê-las acionadas. Entretanto, o pagamento desses custos poderia ser dividido de forma mais igualitária.

Tornou-se habitual, no setor elétrico, direcionar aos consumidores as despesas relacionadas às soluções para todos os problemas que surgem no sistema. No caso da crise hídrica, o custo é integralmente repassado via Encargo de Serviços de Sistema (ESS) ou arrecadado pela taxa extra aplicada junto com a bandeira tarifária. Um dos pontos constantemente defendidos pela Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE) é a necessidade de dividir igualmente os prejuízos em situações como essa, já que todos os agentes devem ser tratados com isonomia.

Antes da crise hídrica, o setor precisou lidar coma queda brusca no consumo de energia, devido ao isolamento social adotado para a contenção da pandemia da Covid-19. Foi concedido um empréstimo para as concessionárias poderem honrar seus contratos e o pagamento será repassado integralmente para o consumidor, blindando os agentes dos prejuízos relativos a um problema que é coletivo. Agora, a crise hídrica repete a prática.

É preciso levar em conta que todos os agentes são responsáveis pelo setor elétrico e devem, portanto, dividir os riscos e prejuízos. O consumidor, que é o ser e a razão de ser de toda essa estrutura, acumula os ônus gerados por consecutivos incidentes. As indústrias e os comércios estão lidando com o desafio de encarar uma a sobreposição de duas crises, a sanitária e a econômica. Assim como as distribuidoras, eles também testemunharam seus rendimentos caírem. Além dos desafios impostos aos seus negócios, dependem de uma das energias mais caras do mundo para seguirem com suas atividades.

A ANACE entende que é urgente tornar o setor elétrico mais justo e equilibrado, sem sobrecarregar o consumidor com custos excessivos e assimétricos. Só assim o setor produtivo poderá das inicio à retomada, tão esperada, e que beneficiará a todos.