Apagões se tornam mais frequentes a cada ano, aponta levantamento

Apagões se tornam mais frequentes a cada ano, aponta levantamento

Desde 2008, o número de apagões no país aumenta. A média de horas sem energia cresceu, e os prejuízos também. Ficará pior, segundo especialistas.
Pode acontecer de novo um apagão? Pode, dizem os especialistas. Deve até ficar pior. Investimento houve, mas onde se gastou dinheiro? Como evitar prejuízos? A economia cresce, o calor aumenta, e o consumo de energia também. As previsões são muito preocupantes. Um fornecimento de energia ineficiente é uma grande ameaça para qualquer país que queira crescer.
Essas interrupções atrapalham a todos e são uma enorme dor de cabeça para a indústria. Um levantamento mostra que o brasileiro está passando cada vez mais horas sem energia elétrica. O Bom Dia Brasil foi procurar explicações para esses apagões, que estão se tornando cada vez mais comuns.
Sem energia não tem negócio. O trabalho da manicure fica difícil e o da cabeleireira, impossível. “Não funciona secador nem lavatório. A única coisa que a gente consegue eventualmente é fazer unha ou pé se for perto da janela, que dá para pegar um pouquinho de iluminação”, conta a gerente do salão Alélia Bergamini.
O resultado é prejuízo no caixa. “É muito ruim. O prejuízo é grande. A sensação de perda é grande, e a gente não tem como recuperar”, lamenta a gerente.
Na semana passada, um apagão afetou 40 milhões de pessoas em oito estados do Nordeste. A situação fez lembrar o grande blecaute de 2009, que afetou 18 estados. De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), as interrupções de abastecimento de energia, consideradas graves, estão aumentando desde 2008. Em 2010, foram 91 apagões.
O número de horas que o consumidor ficou sem energia também aumentou nos últimos anos. Foram 20 horas em 2010, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apurados até novembro. Segundo especialistas, nos últimos dez anos o Brasil investiu bastante em geração de energia, mas os investimentos em transmissão não seguiram o mesmo ritmo. O país cresceu e o consumo aumentou, mas o sistema elétrico não foi modernizado.
Para o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, falta investimento em manutenção, equipamentos e em treinamento de pessoal.
“Nós estamos vivendo uma fase de apagões em alta e uma fase de falta de transparência e de explicações por parte do governo. O governo é capaz de identificar que houve uma falha em um determinado equipamento, mas não nos explica o que está ocorrendo para ocorrer essa falha. E isso para cima do consumidor de energia, que paga, senão a mais alta, uma das mais altas tarifas de energia no mundo”, avalia Carlos Faria.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, o sistema hoje é frágil e falta fiscalização da Aneel, órgão regulador do setor, para garantir que os investimentos necessários sejam feitos. Segundo Pires, em um curto prazo é preciso investir em linha de transmissão e no médio prazo diversificar a matriz energética para reforçar o sistema e minimizar o risco de apagões.
“A grande vantagem da energia térmica é que você instala a usina perto do centro consumidor. Além de ela firmar energia das hidrelétricas, elas podem atuar também como uma espécie de um gerador. Quando falta, ela entra no sistema e o consumidor tem uma qualidade melhor. Se o governo não tomar as providencias devidas, provavelmente apagão vai virar rotina no Brasil”, alerta Adriano Pires.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que recomendou à Aneel, uma fiscalização de urgência nas principais subestações do sistema interligado nacional. Também por nota, a Aneel informa que realiza fiscalizações periódicas nas geradoras, distribuidoras e transmissoras. Nessas fiscalizações, que são avaliados o atendimento aos clientes, a manutenção do equipamento e a operação. Em 2010, foram realizadas 1.105 ações nesse sentido.
No começo deste mês, foram autorizados reajustes na tarifa de energia para 64 distribuidoras em todo o país. O reajuste médio foi de 11% para mais de 600 mil consumidores em 58 municípios de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Paraíba e Espírito Santo.

Fonte: Globo.com Bom dia Brasil