A espiral da morte – por que a tarifa de energia vai continuar subindo
O Brasil é um país rico em recursos naturais necessários para praticamente todos os tipos de geração de energia. Ainda assim, tem figurado nos últimos anos em inúmeros rankings que apontam as tarifas de energia como as mais caras do mundo. Tudo indica que o custo vai continuar subindo, especialmente para o consumidor residencial. Isso não é culpa de uma fonte específica, mas do uso indiscriminado da tarifa de energia como financiadora de políticas públicas.
Nos próximos dias, o setor de energia ficará atento ao Congresso Nacional, que poderá derrubar vetos que impediram custos de cerca de R$ 20 bilhões a serem cobrados dos consumidores, pela tarifa, por 25 anos, beneficiando as PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), carvão, gás, eólicas, hidrogênio e geração distribuída. Segundo a Frente Nacional dos Consumidores de Energia, se os vetos forem derrubados, os valores adicionais devem representar uma alta de 9% na conta de luz até 2050, equivalente ao custo de uma crise hídrica prolongada por 25 anos.
Como se trata de subsídios que beneficiam lobbies distintos, todos com fortes argumentos, a pressão pela derrubada dos vetos é grande, e o tema já está travando a pauta do Congresso Nacional, sobrestando as demais deliberações até que sejam avaliados pelos senadores e deputados.
“A tarifa hoje é usada para benefícios específicos ou políticas públicas que não deveriam ser custeadas pela tarifa. A situação já é gravíssima, ainda mais quando consideramos que o Brasil tem muita energia renovável e barata”, alerta Angela Gomes, diretora técnica da PSR.
E o pior: especialista alerta que o cenário vai piorar, porque há leis em vigor que garantem benefícios futuros, sem falar nas discussões que acontecem hoje no Congresso, que vão além das polêmicas emendas do marco legal da geração de energia em alto mar.
Confira aqui a íntegra da coluna da jornalista Camila Maia.