Energia pode ter aumento real de até 12% em 2026
Os consumidores livres podem observar um aumento de custos de até R$ 65 por MWh em 2026, conforme análise realizada pela Associação Nacional dos Consumidores de Energia (ANACE). Na prática, isso equivale a um impacto médio da ordem de 5% a 12% sobre as despesas com energia, sem considerar a inflação.
O aumento dos valores está atrelado principalmente a novos custos decorrentes do PLV 4/2025 (Medida Provisória 1300/25, que aguarda sanção), da antecipação da entrada em operação de usinas de reserva, aumento dos encargos relativos aos descontos na distribuição e transmissão originados pelas usinas renováveis, e instalações de geração distribuída no país, entre outros.
A análise reflete uma tendência extremamente preocupante não só de falta de enfrentamento dos problemas do setor elétrico pelo Executivo e o Legislativo, como da criação de novos beneficiários que ampliam as pressões sobre os valores pagos pelos consumidores.
Feito para apoiar os associados na elaboração dos orçamentos de 2026, o levantamento indica que o impacto, para os demais consumidores, da gratuidade da energia para consumidores de baixa renda que usam até 80 kWh por mês pode ficar entre R$ 15/MWh e 20/MWh.
O PL também deve resultar na ampliação do custo dos consumidores livres com a energia de Angra I e II em valores entre R$ 7 e R$ 12/MWh, e na isenção da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) para os consumidores de baixa renda, cujo impacto tende a variar entre R$ 0,50 e R$ 1/MWh.
A entidade entende que é inegável a importância do aumento dos benefícios para os consumidores de baixa renda, mas que não se pode ignorar a gravidade do impacto desses benefícios para as empresas. Afinal, a ampliação do custo da energia justamente é prejudicial para a sustentabilidade dos negócios, com efeito direto sobre a geração de empregos, o crescimento da economia brasileira e recai sobre os preços dos produtos e serviços, com impacto inflacionário.
Quanto aos demais aspectos identificados, a análise mostra que o crescimento do mercado livre, a prorrogação de contratos do Proinfa e o crescimento dos projetos de geração distribuída podem pressionar os custos finais dos consumidores entre R$ 4 e R$ 8 por MWh cada.
A ANACE alerta ainda para importância de uma revisão cuidadosa dos benefícios da geração distribuída, uma vez que muitos consumidores têm optado por esse modelo justamente como alternativa para reduzir seus gastos excessivos com energia. O problema é que, na prática, essa sistemática se traduz em pressões sobre os valores pagos pelos demais consumidores. O fato é que hoje diversos dos subsídios concedidos a atores do setor elétrico não se justificam mais devido à competitividade das fontes geradoras.