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Nova política do BNDES pode deixar energia mais cara

Nova política do BNDES pode deixar energia mais cara

Banco prioriza energias renováveis, como a solar, e reduz teto para financiar hidrelétricas a juro barato.

 Para especialista da UFRJ, custo maior de financiamento dos projetos terá de ser repassado para tarifas.O BNDES decidiu priorizar investimentos em energias renováveis e tentar atrair o mercado para financiar projetos de geração hidrelétrica, transmissão e distribuição de eletricidade.

A nova política de apoio ao setor de energia deve provocar aumento no custo da energia a médio prazo.

A diretora de infraestrutura e sustentabilidade do banco, Marilene Ramos, diz que os termos acompanham a nova estratégia do governo para o setor de energia.

O BNDES reduziu de 70% para 50% o teto de financiamento em TJLP (a taxa de juros de longo prazo do banco, hoje em 7,5% ao ano) a usinas hidrelétricas.

Para as linhas de transmissão, não haverá mais financiamento a TJLP.

O objetivo, disse Ramos, é “evitar distorções em relação à geração”.

Isso porque projetos mais distantes dos grandes centros acabavam tendo vantagem na disputa por causa do subsídio a linhas de transmissão.

Para o segmento de geração solar, o teto em TJLP foi ampliado de 70% para 80%.

Para a fonte eólica, biomassa, cogeração e pequenas hidrelétricas, a participação foi mantida em 70%.

“Nossa participação vai buscar privilegiar aqueles projetos que tragam maior retorno social e ambiental”, disse Ramos.

Não haverá empréstimos as termelétricas a carvão e óleo combustível, usinas com maior emissão de poluentes.

No segmento de distribuição de energia, o apoio a TJLP também foi reduzido de 70% para 50%.

Em todos os casos, o apoio do banco poderá chegar a 80% desses itens, mas os percentuais que excedem ao teto da TJLP serão financiados a custos de mercado.

Além disso, o banco quer estimular a emissão de debêntures pelos empreendedores, se comprometendo a comprar até 50% dos papéis emitidos na fase de construção.

PREÇO

O professor Nival de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico em Energia da UFRJ, afirma que o maior custo de financiamento terá de ser repassado às tarifas.

“O setor elétrico permite que esse aumento seja incorporado ao preço-teto dos novos leilões de energia, o que já está sendo feito”, diz.

A Agência Nacional de Energia Elétrica já propôs aumento na receita mínima anual dos novos projetos, diz o presidente da Associação Brasileira das Transmissoras de Energia, Mário Miranda.

Fonte: Folha de S Paulo 04/10/2016 Nicola Pamplona