O caso de Angra 3 e a falácia do ‘custo afundado’
A falácia do custo afundado descreve a tendência de se continuar investindo em um projeto não por sua viabilidade futura, mas porque já foi gasto muito para desistir.
Essa lógica faz com que recursos continuem sendo alocados mesmo quando os benefícios marginais já não justificam os gastos adicionais.
No entanto, insistir em um investimento que perdeu sua viabilidade pode representar um risco ainda maior, drenando recursos que poderiam ser utilizados de maneira mais eficiente em outras iniciativas.
O raciocínio permeia a discussão sobre a continuidade da usina nuclear Angra 3. Independentemente da decisão final, um fator essencial precisa ser considerado: o impacto financeiro sobre os consumidores.
De acordo com o BNDES, o custo estimado da energia gerada por Angra 3 seria de R$ 653,31 por megawatt-hora (MWh), valor que reflete tanto os investimentos já realizados quanto os recursos necessários para a conclusão da usina.
Para efeito de comparação, outras fontes de energia, como solar e eólica, em conjunto com baterias e resposta da demanda, têm custos médios inferiores, e a tendência é que essas tecnologias se tornem ainda mais acessíveis ao longo do tempo.
Os defensores argumentam que a continuidade do projeto evitaria um retrocesso tecnológico no setor nuclear brasileiro. No entanto, a decisão deve ser pautada por uma análise detalhada, que leve em conta os custos, prazos e a evolução do mercado energético global. Se o objetivo final é desenvolver a indústria nuclear, os custos não deveriam ser arcados pelo setor elétrico brasileiro.
Confira a íntegra do artigo de Bernardo Bezerra, diretor de Regulação e Inovação da Serena, aqui.