Horário de verão é mantido

Horário de verão é mantido

Depois de anunciar que poderia acabar com o horário de verão, o governo voltou atrás e decidiu manter a determinação de adiantar os relógios em uma hora em 15 de outubro. A medida será aplicada em nove estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e no Distrito Federal. O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, confirmou a manutenção do horário — que desagrada a milhões de brasileiros, mas é amado por outros tantos —, com data prevista para terminar em 17 de fevereiro de 2018.

Mais uma vez, o assunto viralizou nas redes sociais. “Tira a mão do meu horário de verão”, pediam algumas postagens. “Por que não acabam com o horário político?”, questionavam outras. Muitos criticavam, dizendo “me julguem, odeio o horário de verão”, ou ironizavam afirmando “nada como uma ceia de Natal com aquele sol do meio-dia batendo na cara”. Além disso, várias enquetes, com toda a sorte de resultados, se multiplicaram na internet.

O assunto é tão polêmico que a ideia do governo era fazer uma consulta à população para tomar uma decisão válida ainda este ano. Segundo Coelho Filho, a manutenção foi decidida porque não haveria tempo hábil para fazer uma pesquisa. “Queremos consultar a população, como a Casa Civil já anunciou”, disse. “Mas ficou apertado. Vamos fazer o levantamento e, dependendo da reação, avaliaremos isso mais para a frente”, prometeu.

Para o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino, o horário de verão não vale mais a pena para gerar economia de energia no Brasil. “Sob a perspectiva do setor elétrico, o horário de verão não se justifica”, disse. Estudos do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que reúne diversos órgãos governamentais, apontam que a adoção do horário especial não resulta mais em economia de energia porque, agora, é a temperatura que determina o maior consumo, e não a necessidade de iluminação.

Com a popularização de condicionadores de ar, eletrodoméstico que mais gasta energia, o horário de pico de consumo migrou para o período entre as 14h e as 15h, conforme o Operador Nacional do Sistema (ONS). Apesar de não fazer mais diferença, uma parte da população gosta de ter uma hora a mais no fim da tarde, por isso, o governo pensa em fazer a enquete.

O coordenador do curso de Engenharia Elétrica do Iesb, Maurício Tavares, explicou que, no último verão, a economia de energia foi de apenas 0,1%. “No passado, o pico de carga do sistema era registrado entre as 17h e as 20h, quando ocorria o acionamento da iluminação pública e das edificações, e os consumidores retornavam para casa e ligavam aparelhos como televisão, lavadoras, micro-ondas e, em especial, o chuveiro elétrico, principal responsável pelo aumento de carga nesse horário”, comentou.

O especialista ressaltou que o acionamento simultâneo de todos os equipamentos exige que a geração e a transmissão operem em plena capacidade. “Usinas geradoras mais caras são acionadas para manter o equilíbrio do sistema. O horário de verão propiciava uma redução da carga máxima, pois, primeiro, atendia o uso de eletrodomésticos e, só uma hora depois, as exigências da iluminação”, destacou. Hoje, as lâmpadas são mais eficientes e não sobrecarregam mais o sistema.

“A continuidade do horário de verão deve ser discutida, tendo em vista as preferências individuais e os custos à saúde associados à mudança, porque, do ponto de vista de economia, os ganhos não mais se justificam”, acrescentou Tavares.

15/10/2017
Início do horário especial. Relógios serão adiantados em uma hora em nove estados e no DF
17/2/2018
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