Um mês do apagão no Amapá: o que ainda precisa para a segurança energética?
Nesta quinta-feira (3), há exatamente um mês, quase 90% do Amapá enfrentou um blecaute após um incêndio na principal subestação do estado. A crise energética seguiu por 3 semanas até o governo federal e a distribuidora de energia garantirem a normalização do fornecimento de eletricidade.
O serviço, tão essencial, precisa de garantias de segurança para que não ocorram novos apagões. O Ministério de Minas e Energia (MME) prevê que a solução entre em operação ainda neste mês de dezembro.
O primeiro blecaute durou 4 dias, e a falha causou uma série de problemas no estado: afetou o fornecimento de água e as telecomunicações, gerou uma corrida aos postos de combustíveis que tinham geradores de energia, provocou prejuízos a comerciantes que não conseguiam manter alimentos refrigerados, mudou toda a rotina de quase 765 mil amapaenses.
O estado enfrentou um novo apagão total no dia 17 de novembro, que foi solucionado em cerca de 4 horas.
No momento do primeiro apagão, o que já foi identificado é que um transformador da subestação – que integra o Amapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN) – foi danificado pelo fogo, e um segundo ficou sobrecarregado e também se desconectou do sistema. O terceiro equipamento, de “back up”, estava em manutenção desde dezembro de 2019.
Em relatório preliminar, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elencou uma série de falhas em usinas, na rede de distribuição e na subestação, que gerou o apagão do dia 3. As causas ainda são investigadas pelo ONS, num prazo inicial de 30 dias.
Com o apagão, o governo federal, através do MME, montou um gabinete de crise para tomar decisões para a retomada do serviço e garantia de segurança.
Após 4 dias de blecaute total, no dia 7 de novembro, o segundo transformador, que ficou sobrecarregado no incêndio, voltou a entrar em operação após uma manutenção, o que levou energia para 70% da rede. A medida levou a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) a adotar um sistema de rodízio – que apresentou falhas e chegou a ser alterado na mesma semana, fornecendo energia para as casas em turnos de 3 e 4 horas.
Enquanto isso, o governo federal contratou geradores termoelétricos para o Amapá, por cerca de R$ 21,6 milhões, através da estatal Eletronorte. No dia 21 de novembro, depois de 19 dias de crise, o presidente Jair Bolsonaro visitou o Amapá e, durante a visita, ele ligou alguns desses geradores. A ativação deles só foi concluída na segunda-feira (30).
No dia 24 de novembro, entrou em operação um transformador na subestação de Macapá, que saiu de Laranjal do Jari, no Sul do estado.
Segundo o MME, o sistema elétrico do Amapá conta atualmente com o suprimento dos dois transformadores na subestação Macapá, da geração da usina hidrelétrica Coaracy Nunes e ainda da geração térmica local de 45 megawatts.
O que acontece agora?
O Ministério de Minas e Energia afirma que a subestação deveria funcionar com dois transformadores e ter um terceiro, de “back up”.
O gabinete de crise decidiu que, para “ampliar a confiabilidade do fornecimento de energia elétrica para todos os consumidores do Amapá”, um transformador da subestação Boa Vista, em Roraima, será transportado para Macapá, e será usado como reserva. O deslocamento dele iniciou na quarta-feira (2).
Para substituir o equipamento que estava em Laranjal do Jari, também será feito o transporte de outro transformador da subestação Vila do Conde, no interior do Pará. A desmontagem dele iniciou também nesta quarta.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, comentou também que na segunda-feira (7), na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deve ser apresentado um “planejamento energético para o estado do Amapá”.
Na quarta-feira, durante visita à Subestação Macapá, o ministro falou que a expectativa é que o transformador “back up” entre em operação ainda este mês.
“Aquilo que deveria ser já há algum tempo o planejamento aqui do estado do Amapá. São dois transformadores em operação e um reserva. Além disso, temos a usina hidrelétrica de Coaracy Nunes, que está operando normalmente, e também contratamos de forma emergencial já 45 megawattss em geração termoelétrica, outras 30 devem estar disponíveis nos próximos dias, talvez ainda nesta semana, e também temos ainda a possibilidade de contratar mais 80 megawattss em geração termoelétrica, se necessário for”, descreveu o ministro.
Confira a notícia completa em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/12/03/um-mes-do-apagao-no-amapa-o-que-ainda-precisa-para-a-seguranca-energetica.ghtml