BNDES lança preço suporte para financiar projetos no mercado livre

BNDES lança preço suporte para financiar projetos no mercado livre

Nova metodologia, apresentada em evento da ABEEólica, representa nova metodologia com valores de longo prazo que recuam a partir do 6º e do 11º ano do contrato de financiamento

O Banco de Desenvolvimento Econômico e Social passará a adotar uma nova metodologia de financiamento de projetos para o mercado livre. Chamado de preço suporte entra em vigor para a expansão e atender a necessidade de modernização do setor e impulsionar os investimentos. Essa nova metodologia chega como um aprimoramento do PLD Suporte, lançado em 2018 e que também passou por uma alteração para atendimento a empreendimentos que apostam apenas no mercado de curto prazo.

Apesar de estarem disponíveis ao mercado a estimativa do banco de fomento é de que a nova metodologia concentre praticamente 100% dos pedidos de financiamento para o mercado livre. A superintendente da área de energia da instituição financeira, Carla Primavera, revelou as novidades durante o 8º Encontro de Negócios da ABEEólica, que é realizado nesta quarta-feira, 30 de outubro, em São Paulo.

De acordo com ela, a nova modalidade terá diferentes patamares de preços com marcos para a sua mudança. Essas alterações ocorrerão a partir do 6º ano do contrato de financiamento e no 11º ano. De acordo com os cálculos do banco, os valores da energia começam em R$ 130/MWh a partir do início do suprimento e recuam R$ 10/MWh ao alcançar os marcos apontados, mas são reajustados pelo IPCA.

Além disso, serão duas metodologias de alavancagem, o SAC puro e o IPCA capitalizado. No primeiro, a ideia é de ter a rolagem para pelo menos 75% da capacidade de geração na partida e de 50% a partir do 10º ano de amortização. No segundo, a rolagem deve ser para, pelo menos, 75% da capacidade para todo o período de amortização. Entre as condições acessórias há uma conta reserva de 6 meses, e ainda, o compromisso de comercialização com rolagem de PPAs.

O preço suporte foi introduzido para a energia que não foi comercializada pelo investidor. Ela exemplificou que um projeto pode ter negociado energia por R$ 140/MWh por um período de quatro anos, entre o final desses acordos até o final do quinto ano o BNDES considera o valor de R$ 130/MWh que é o preço suporte.

“Realizamos o aprofundamento de nossos estudos do PLD Suporte e pegando como base o valor de comercialização da energia no mercado livre. Demos um passo a mais para que o banco divulgue novos preços, isso não é sinalização de preço de longo prazo, é sim o valor que o credor está disposto a correr, é um preço suporte de longo prazo para viabilizar os investimentos que os parques geradores tenham a financiabilidade”, afirmou ela.

Por sua vez, o PLD suporte continua a R$ 90/MWh com índice de serviço de cobertura da dívida de 1,3 vezes, com alavancagem na metodologia SAC puro e sem cesta de mitigantes a ser apresentada ao financiador. “Se alguém quiser investir e ficar exposto apostando no mercado de curto prazo ou não oferecer compromisso ao securitizador, estamos dispostos a financiar com os R$ 90/MWh com projeto descontratado e sem compromisso de comercialização”, destacou a executiva em sua apresentação.

Outra novidade nesse sentido é a retirada do critério de solvabilidade, ou seja, para estabelecer a alavancagem do projeto era aplicado o valor do PLD mínimo na análise dos projetos que constava da metodologia de cálculo. A ideia com esse critério era verificar a capacidade de pagar a dívida usando apenas o piso do preço de curto prazo. Esse método é mais destinado àqueles empreendedores que estão dispostos a ficar o todo o período do financiamento exposto ao mercado de curto prazo.

A executiva do BNDES explicou que isso limitava a alavancagem dos projetos e sua viabilidade. Por ser um valor na casa de cerca de R$ 40/MWh isso reduzia a capacidade de financiamento. Com a mudança é possível de se tirar essa barreira e viabilizar mais investimentos e projetos. Contudo, reforçou que acredita em uma reduzida ou quase nula busca por esta modalidade de financiamento para o ACL.

Desde que foi criado o PLD Suporte, o banco conseguiu viabilizar uma carteira que possui 13 projetos e soma 2,7 GW de potência instalada, desses, 818 MW em eólicas. A perspectiva é de que o preço suporte seja responsável pelo funding de projetos que estão nessa carteira e para aqueles novos que foram viabilizados no leilão A-6, bem como outros que estão no mercado livre e que ainda não fecharam contratos de financiamento.

Um balanço do BNDES aponta que de 2000 até o final do primeiro semestre de 2019, o banco financiou um total de 856 projetos que representou R$ 314,3 bilhões financiados que representaram e R$ 504,1 bilhões em investimentos. Em geração de energia está o valor mais elevado nesse total com R$ 139,8 bilhões de financiamentos e R$ 236,5 bilhões de investimentos.

Com isso, destacou Carla, o BNDES acaba sendo a maior instituição de financiamento de fontes renováveis do mundo, e isso, atuando em território nacional, com montantes equivalentes a US$ 30 bilhões ante os US$ 26,5 bilhões do segundo colocado, o Santander, de atuação global.