Energia mais barata no Paraguai custou R$ 1,6 bi para o consumidor brasileiro

Energia mais barata no Paraguai custou R$ 1,6 bi para o consumidor brasileiro

É o consumidor brasileiro quem está pagando a conta da energia mais barata no Paraguai. A estimativa de quem conhece o contrato de Itaipu é de que a perda chegou a R$ 1,6 bilhão apenas em 2018. Desde 2009 o Paraguai tira uma parte maior da energia excedente da usina, que é mais barata porque não inclui o custo do financiamento da obra. Esse acordo, feito no governo Lula, está sendo rediscutido agora.

Itaipu tem dois tipos de produção, basicamente. A energia associada, cujo pagamento abate os juros da sua construção, é mais cara e dividida igualmente entre os dois países. O Paraguai consome algo como 15% e o Brasil compra o restante. Mas o vizinho tem ficado com a maior parte da chamada produção excedente, mais em conta, que só tem o custo do royalty. O Brasil tenta mudar esse acordo.

Governo quer rever acordo com Paraguai

A discussão não para por aí. Um agravante é que o Paraguai, desde meados de 2018, tem se apropriado de parte da energia a que o Brasil tem direito pelo contrato. Ou seja, o país pagava e não levava toda a eletricidade. A Eletrobras congelou um repasse de US$ 54 milhões só depois que seus executivos foram alertados que podem ser processados caso não tomem providências.

O pano de fundo dessa tensão é que Itaipu Binacional vai passar por uma profunda mudança até 2023, ano em que o financiamento será integralmente pago. Pontos importantes serão revisados, como o preço da energia e as compensações ao Paraguai. O debate sobre o excedente é só o começo da negociação.

O Paraguai até aqui saiu ganhando. Na prática, nos últimos anos houve uma transferência bilionária de recursos dos brasileiros para os vizinhos. O GLOBO desta segunda-feira mostra que o Brasil pagou em média US$ 38,7 por MWh de Itaipu em 2018, bem mais que os US$ 24,6 desembolsados pelo Paraguai.