Câmara aprova projeto que permite venda de distribuidoras da Eletrobras

Câmara aprova projeto que permite venda de distribuidoras da Eletrobras

Ainda será necessário votar possíveis alterações na proposta antes de seguir para o Senado

A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira, o texto principal do projeto de lei que facilita a privatização de seis distribuidoras de energia da Eletrobras que operam no Norte e Nordeste do país. A proposta foi aprovada por 203 votos a favor e 123 contrários. Ainda será necessário votar destaques (possíveis alterações no projeto) para, sem seguida, o texto ser enviado ao Senado.

Altamente endividadas e com problemas operacionais, as seis distribuidoras da Eletrobras atuam em Alagoas, Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia e Piauí. O projeto viabiliza a privatização ao reduzir incertezas sobre os passivos das empresas. A votação dos destaques está marcada para a próxima semana.

Apesar da aprovação do texto-base, ainda há incertezas sobre a licitação, diante da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski que proibiu a privatização de estatais e subsidiárias sem aval do Congresso. O ministro também suspendeu o leilão da distribuidora que opera em Alagoas, a pedido do governo do estado.

A Eletrobras tenta privatizar as empresas desde 2016. O leilão está previsto para o dia 26 e, se as distribuidoras não forem privatizadas até o fim do ano, elas serão liquidadas. O papel do projeto é resolver pendências jurídicas que podem afastar investidores do leilão e proporcionar atratividade para as empresas, que estão entre as de pior desempenho do país, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Entre outros pontos, o projeto de lei permite harmonizar os prazos da outorga das usinas termelétricas com o prazo da outorga da prestação de serviço de infraestrutura de transporte dutoviário de gás natural. O objetivo é conciliar os contratos de venda de energia firmados pela usina termelétrica Mauá 3 (que vão até 2042) com o prazo de outorga do gasoduto Urucu-Coari-Manaus (que vai até 2030). Essa diferença pode inviabilizar o fornecimento de energia para o Amazonas. Na prática, a termelétrica poderá antecipar a eletricidade que entregaria entre 2030 a 2042.

O projeto também prorroga, de 2018 para 2019, o prazo para o governo aportar R$ 3,5 bilhões na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). Os recursos destinam-se a cobrir as despesas das termelétricas que atuam nos sistemas isolados (não conectados ao resto do país) com a compra de combustível, requisito considerado essencial para tornar as quatro distribuidoras da região Norte atrativas. O combustível é fornecido pela Petrobras.

A proposta também permite a cobertura tarifária dos custos do gasoduto Urucu-Coari-Manaus, inclusive a parcela que foi negada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), referente ao período passado, desde 2009. Assim, a Eletrobras não será obrigada a devolver os recursos para os consumidores, estimados em cerca de R$ 3 bilhões.