Consumo de eletricidade no Brasil pode cair até 12% em 2020, diz consultoria
O consumo de eletricidade, importante indicador da atividade econômica, pode ter queda de 5% a 12% no Brasil em 2020, em meio a impactos da pandemia de coronavírus sobre a demanda, apontou a consultoria especializada RegE.
A projeção, se confirmada, representaria um cenário bem pior que as últimas estimativas da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e de outros órgãos técnicos do setor, que no início de maio revisaram suas perspectivas e sinalizaram retração de 2,9% no uso de energia neste ano.
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Até o final de março, as previsões de EPE, Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) eram de recuo de apenas 0,9% no consumo.
A consultoria RegE apontou que a redução do consumo tem sido mais expressiva no mercado livre de eletricidade, no qual grandes clientes como indústrias negociam seu suprimento diretamente com geradores e comercializadores, o que será acompanhado por renegociações de contratos e até possível aumento da inadimplência nesse setor.
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Comercializadoras de energia esperam um impacto negativo de R$ 5 bilhões neste ano devido a esses pedidos de flexibilização e ao menor consumo por parte de seus clientes como consequência do coronavírus.
Em meio à forte retração na demanda e também a um aumento da inadimplência com a pandemia, o governo tem negociado um pacote de apoio a distribuidoras de energia que deve envolver mais de R$ 10 bilhões em empréstimos de um grupo de bancos liderado pelo BNDES.
A consultoria RegE, que tem entre os sócios um ex-diretor da Aneel, Tiago de Barros, avaliou que a desaceleração da economia impactará fortemente o consumo de energia elétrica, que poderia cair 4,7% em cenário considerado “otimista”.
Em visão “moderada”, o recuo na demanda poderia ser de 7,9%, enquanto um cenário “pessimista” poderia levar a um tombo de 12,3% no uso de eletricidade, segundo estimativas próprias da ReGe.
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Em um cenário “normal”, sem a pandemia, o consumo de eletricidade poderia ter crescido 4,5% no país em 2020 — número em linha com as estimativas de EPE, ONS e CCEE no final do ano passado.
As projeções da consultoria levam em consideração uma queda de 3,6% no PIB brasileiro no cenário otimista e de 6,1% no moderado, enquanto a visão pessimista envolveria recuo de 9,5% na economia.
A expectativa de analistas de mercado para o desempenho da economia brasileira neste ano é de uma queda de 5,89%, segundo boletim Focus publicado pelo Banco Central nesta segunda-feira (25), contra queda de 5,12% na semana anterior.