Conta de luz ficará mais cara, alerta governo
O governo descarta risco de racionamento, mas admite que a situação crítica dos reservatórios vai tornar a conta de luz mais cara. O ministro interino de Minas e Energia (MME), Paulo Pedrosa, disse ontem que está chovendo pouco e a expectativa para o próximo período úmido não é muito otimista. “O mais correto é dar transparência. Com a atual situação da hidrologia, o custo da energia vai ficar mais alto”, alertou. E recomendou: “O uso racional é bom para o país e para todo mundo”.
No entanto, Pedrosa garantiu que, apesar do baixo nível dos reservatórios, o sistema elétrico tem condições de garantir o abastecimento. “A hidrologia não é a pior da história, mas o nível dos reservatórios não está bom. A umidade que normalmente se forma na Amazônia está demorando a ocorrer. O solo está mais seco e isso pode significar um atraso. Além disso, os períodos úmidos dos últimos cinco anos têm sido bastante inferiores à média. No Nordeste, estão à metade”, ressaltou.
Apesar da falta de chuvas, o ministro interino explicou que o governo trabalha para aumentar a oferta de eletricidade. “O CMSE (Comitê de Monitoramento do Sistema Elétrico) anunciou a entrada de quase 5 mil megawatts (MW) de energia nova este ano. O crescimento da demanda foi muito baixo por conta da crise, e isso levou a um excesso de capacidade”, disse. “Nossa condição de atendimento não é comparável a momentos do passado em que houve estresse do sistema. Temos conforto no atendimento”, assegurou.
O setor elétrico está preparado, inclusive, se houver uma retomada surpreendente da economia, afirmou Pedrosa. “A oferta nos leilões foi enorme, muitas vezes maior do que nossa capacidade de consumir energia”, justificou, durante evento promovido pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) para debater o aperfeiçoamento do marco regulatório do setor.
Para Thaís Prandini, diretora da Thymos Energia, o preço da energia, de fato, está subindo e as contas já estão mais caras devido ao sistema de bandeiras tarifárias. “Risco de desabastecimento, por enquanto, não há”, assinalou. Na opinião do presidente da CMU Comercializadora de Energia, Walter Fróes, contudo, é preciso se precaver. “O consumo industrial está baixo. A economia está sendo retomada, mas ainda está longe do que se gostaria. Se lá estivéssemos, teríamos problema de abastecimento”, afirmou.