Dentro da proposta de retomar produção de urano, governo reestrutura área de segurança nuclear
CNEN responde pelo licenciamento da energia no país; comitê foi criado para rever regras
O governo federal criou nesta segunda-feira (7) um comitê que irá reestruturar a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), autarquia responsável por desenvolver a política de energia nuclear.
Também instituiu uma autoridade em segurança nuclear visando separar as atividades de pesquisa e desenvolvimento das atividades de regulação e fiscalização da autarquia, mas não especificou como ela deve funcionar.
De acordo com portaria assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, no Diário Oficial da União, o comitê será formado por cinco membros, quatro ligados à pasta de Pontes e um à CNEN.
Criada em 1956, a comissão é responsável pelo estabelecimento de normas e regulamentos em radioproteção e pela regulação, licenciamento, fiscalização e produção do uso da energia nuclear no Brasil.
A reestruturação vem no momento em que o governo deseja retomar a produção nacional de urânio.
Desde que assumiu a pasta de Minas e Energia, o ministro Bento Albuquerque demonstra interesse em mudar a legislação de mineração para abrir o mercado a investidores estrangeiros e quebrar o monopólio da União na exploração de urânio.
A expectativa do governo é que até o final do ano consiga emplacar um plano para ampliar o parque nuclear do país em parceria com a iniciativa privada, como forma de viabilizar a conclusão de Angra 3.
Em julho, o presidente Jair Bolsonaro incluiu Angra 3, sob responsabilidade da estatal Eletrobras, no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) do governo. A implementação da usina está suspensa desde 2015, após irregularidades detectadas pela Lava Jato.
Em agosto, o presidente da estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil), Reinaldo Gonzaga, disse à Folha que a expectativa era retomar a produção de urânio até o fim do ano.
Dono da sexta maior reserva mundial, o país gasta cerca de R$ 100 milhões ao ano com a importação do minério para abastecer as usinas nucleares de Angra.