Distribuidoras de energia superam limite de ‘apaguinhos’ há nove anos

Distribuidoras de energia superam limite de ‘apaguinhos’ há nove anos

Pelo nono ano seguido, a duração de “apaguinhos” ficou acima dos limites estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para as distribuidoras. Foram 14,35 horas sem luz, na média de todo o país, em 2017 – quando o máximo permitido pela agência era 12,78 horas.

Os números variam muito de empresa para empresa. Cada distribuidora tem um teto fixado pelo órgão regulador para o número e a duração dos cortes no fornecimento. Quem ultrapassa esse limite precisa pagar compensações aos consumidores de energia, que vêm na forma de descontos nas contas de luz. O valor total chegou a R$ 477,16 milhões apenas no ano passado.

Em conjunto, as distribuidoras apresentaram uma queda de 9,3% na duração dos “apaguinhos” sobre 2016, mas continuaram com o indicador negativo mesmo após a prorrogação de 41 concessões do segmento no ano anterior. Com mais de sete milhões de consumidores na região metropolitana de São Paulo, a Eletropaulo foi uma das empresas que superaram as metas fixadas pela Aneel. Seus clientes ficaram 11,72 horas sem luz no ano passado – era para ter sido, no máximo, 7,72 horas. A carioca Light teve estouro semelhante.

Com outra metodologia, o Ministério de Minas e Energia também faz um monitoramento mensal dos blecautes. Mas, nesse caso, contabiliza apenas interrupções no abastecimento superiores a 100 megawatts (MW) e com pelo menos dez minutos de duração. Houve 92 ocorrências do tipo no ano passado – a menor quantidade desde 2014 – com corte total de 21.689 MW.

De acordo com o ministério, as regiões Norte e Nordeste – principais afetadas pelo blecaute de ontem – concentraram o maior volume de apagões nos últimos anos. Alguns episódios ficaram célebres pela tentativa das autoridades de minimizar o ocorrido.

Em outubro de 2012, quando um apagão deixou no escuro três regiões do país (Sudeste, Centro-Oeste e Sul), o então presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, conclamou os repórteres a não usar mais o termo. “Foi um apaguinho”, procurou corrigir.

“Não foi um apagão como o de 2001”, acrescentou Chipp, referindo-se ao racionamento de energia no governo Fernando Henrique Cardoso. “O ministro [Édison Lobão, de Minas e Energia] chama de interrupção temporária de energia, porque foi só de meia hora.”