Distribuidoras vão ter de rever atuação

Distribuidoras vão ter de rever atuação

As distribuidoras de energia precisam se preparar para uma grande mudança de papel devido ao crescimento da geração distribuída e do desenvolvimento de novas tecnologias, segundo especialistas e empresários ouvidos pelo Valor.

Segundo Arthur Ramos, sócio da consultoria Strategy&, do grupo PwC, as distribuidoras precisam “pensar fora da caixa” e serem proativas para entrar no segmento de geração distribuída.

Sem essas mudanças, elas correm o risco de ficarem de fora do mercado. Segundo Ramos, porém, a maior dificuldade é que as distribuidoras, em geral, são grandes empresas e com pouco agilidade, por atuarem em um setor regulado, para lidar com esse segmento. “O desafio é que são empresas grandes, tradicionais e que, em geral, atuam em ambiente regulado”, explicou.

Os desafios ainda são muitos e envolvem, por exemplo, quem vai arcar com os custos da modernização da rede. Segundo o vice-presidente de Regulação da Energisa, Alexandre Nogueira, o avanço da geração distribuída pode ampliar os custos no sistema, ao mesmo tempo em que reduz o número de consumidores que ficarão na carteira das distribuidoras. São esses, que não têm oportunidade de investir na geração distribuída, que vão ter que bancar esses custos.

É necessário analisar de que forma a inserção da geração distribuída vai ocorrer na matriz energética do país. “A geração distribuída já é uma realidade. As distribuidoras terão que conviver com esse tipo de tecnologia no futuro. Mas nosso foco neste momento, mesmo por ser um grupo praticamente integralmente de distribuição, é buscar verificar o que está acontecendo em termos de mundo”, disse Nogueira.

Segundo o executivo, a Energisa está percebendo que países europeus e os Estados Unidos, onde essa tecnologia já se inseriu de forma exponencial e apresenta crescimento relevante, hoje estão muito preocupados em buscar equacionar o desequilíbrio entre a inserção dessa fonte e a transferência de custos para os que não detêm essa tecnologia.

Para Jean Le Corre, sócio da consultoria BCG, as distribuidoras que já tomaram a dianteira de se posicionar perante as mudanças devem estar já avaliando como transformar isso em um negócio que “fique de pé”. Uma “virtude” nessa antecipação é aprender como os clientes estão vendo as mudanças “e, a partir daí, reagir de maneira inteligente”.