É nos Detalhes que estão Respostas
As hidrelétricas são fundamentais para a segurança do fornecimento de energia aos consumidores de nosso País e temos que continuar a construí-las.
Muito se noticiou sobre o apagão ocorrido recentemente em toda a região Nordeste e Norte com reflexos no Sudeste. Foram poucas horas sem a energia elétrica, é verdade. Mas, cálculos expeditos registraram que o episódio afetou cerca de 22,5% do Sistema Interligado Nacional (SIN). A causa do apagão foi atribuída a uma operação imprevista na transmissão que interrompeu o fornecimento da energia produzida na hidrelétrica de Belo Monte.
Aí está o detalhe do episódio: sem a geração de Belo Monte, 14 estados foram afetados e quase 70 milhões de pessoas sofreram com a falta da energia da hidrelétrica. Em resumo, as hidrelétricas são fundamentais para a segurança do fornecimento de energia aos consumidores de nosso País e temos que continuar a construí-las.
Se assim ficou demonstrado porque ainda estamos titubeando para o aproveitamento do enorme potencial hidrelétrico que ainda existe disponível em nosso País. Porque estamos deixando esta energia limpa e renovável que precisamos com a construção destas usinas e seguramente tendo que substituí-la pela geração de outras fontes menos limpa, quando temos compromissos internacionais quanto ao efeito estufa, a cumprir.
Sempre se demonstra que as energias de fontes eólicas e solares são mais eficientes para o SIN se e quando estiverem produzindo e ao mesmo tempo possamos diminuir a geração nas hidrelétricas acumulando água em seus reservatórios para que na hora certa possam produzir a energia de base para dar segurança ao suprimento da carga.
Recentemente foram engavetados dois importantes projetos de geração hidrelétrica na região Norte. O projeto de São Luís dos Tapajós cuja capacidade instalada seria de 8.040 MW, com uma média de energia firme esperada de 4.012 MW e o de Jatobá cuja capacidade instalada seria de 2.300 MW.
Na região Sul no rio Uruguai, na fronteira coma Argentina teríamos as hidrelétricas de Garabi e Panambi que juntas teriam capacidade instalada de 2.200 MW. Seus estudos e projetos estão paralisados há alguns anos.
No rio Madeira na bacia Amazônica, apesar do sucesso das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, a binacional que pode ser construída na fronteira com a Bolívia que poderia disponibilizar cerca de 3.900 MW, tem seus estudos “em Banho Maria” apesar do grande interesse do nosso vizinho em exportar a maior parte da sua cota na produção de energia, logicamente para o Brasil.
Não esqueçamos que 2023 está cada vez mais próximo e após a eleição do novo presidente do nosso vizinho, o Paraguai, o tema da disponibilidade da sua cota parte em Itaipu atualmente dirigida para o Brasil, será fatalmente um tema a ser discutido pelos governos das duas Nações, não só quanto sua destinação, mas, também quanto ao preço de venda que será negociado. E, a região Sudeste não pode prescindir desta energia.
Segundo a Empresa de Pesquisa Energética – “Dentre as principais projeções para o horizonte até 2024, estima-se que o Brasil aumente sua capacidade instalada de geração em 73 mil MW onde, cerca de metade virá das fontes eólica, solar, biomassa e PCH”. Como demonstrado não se mencionou a participação das hidrelétricas com veemência dado aos problemas que estão a paralisar aquelas que já poderiam estar sendo construídas.
O posicionamento estabelecido deixa uma interrogação quanto a participação das térmicas nesta outra metade que, seguramente, deverão ser em sua maioria a gás natural importado (GNL) caso a malha de gasodutos não seja expandida e o gás do pré sal seja explorado, e estas usinas deverão se situar ao longo da costa para assegurar a água para sua refrigeração…
E aí não tem jeito, temos que retomar a construção do nosso potencial hidrelétrico respeitando as limitações que fazem sentido, para que na composição da matriz de geração o preço da energia não venha subir tanto que impacte na nossa produção industrial e para os consumidores em geral.