Eletrobras precisa assumir prejuízos
A Eletrobras não conseguirá levantar recursos com a pretendida venda de suas seis distribuidoras que atuam no Norte e Nordeste, e não deve assumir prejuízos para viabilizar a privatização dessas controladas, disse à Reuters uma fonte do governo com conhecimento do assunto.
Devido à precária situação financeira das empresas, que são fortemente deficitárias, o governo deve até mesmo desistir da ideia de arrecadar recursos para o Tesouro com a cobrança de um bônus de outorga na privatização dos ativos, acrescentou a fonte. O Ministério de Minas e Energia pretende seguir recomendação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) de realizar leilões dessas concessões de distribuição em um modelo em que ganhará a disputa o investidor que aceitar assumir a empresa com o menor aumento de tarifas. “Todas serão vendidas nesse modelo. O processo de venda vai ser feito por quem oferecer a menor reposição tarifária”, disse a fonte.
O governo anunciou em agosto que pretende desestatizar a holding Eletrobras até o fim do primeiro semestre de 2018, mas as distribuidoras devem ser vendidas em separado ainda neste ano. A Aneel tem avaliado a possibilidade de autorizar aumentos de cerca de 10% na tarifa das distribuidoras da Eletrobras antes da privatização.
No leilão das empresas, ganharia quem aceitasse assumir a operação com o menor aumento de tarifa dentro desse limite pré-estabelecido. “A Eletrobras vai sair disso perdendo, é claro, não tem como ser diferente. Vai ter que ajustar prejuízos. Mas isso era esperado, o mercado sabe disso”, destacou a fonte. O novo modelo estudado para as distribuidoras da Eletrobras, com uma elevação das tarifas antes da privatização, foi bem recebido pelos investidores que têm avaliado possível participação no negócio, segundo a fonte, que participa das conversas. “Há muito interesse [no modelo]. Com essa mudança, as empresas ganharam atratividade adicional”, disse a fonte. Elétricas como a Equatorial Energia, a italiana Enel e a Neoenergia, controlada pelo grupo espanhol Iberdrola, estão entre as que avaliam os ativos até o momento, de acordo com a fonte.
Procurada, a Eletrobras disse que não tem como comentar o assunto. A Equatorial disse que “não comenta rumores de mercado”, assim como a Enel. A Neoenergia não respondeu imediatamente.