Eletrobras vende distribuidoras e elimina R$ 2,8 bi em dívidas
Novos donos assumem débitos de empresas na Região Norte e compromisso de investir R$ 2,1 bi em 5 anos. Leilão dá alívio à estatal e evita impacto na tarifa.
A Eletrobras conseguiu vender ontem três de suas distribuidoras de eletricidade da Região Norte, que, juntas, acumulam uma dívida de R$ 2,8 bilhões. O grupo Energisa comprou as empresas do Acre e de Rondônia. O Grupo Oliveira arrematou a unidade de Roraima.
A realização do leilão representou um alívio para o governo, para a estatal e, em alguma medida, para todos os consumidores de energia do país. A Eletrobras tenta vender seis distribuidoras do Norte e Nordeste desde 2016. Se o processo não for concluído este ano, as remanescentes serão liquidadas, gerando um custo de R$ 23 bilhões para pagar as dívidas e os trabalhadores. Além disso, o governo teria de encontrar uma alternativa para manter o fornecimento de energia para mais de 13,3 milhões de moradores. A despesa terminaria dividida nas contas de luz.
VALOR SIMBÓLICO
Além das três vendidas ontem, o governo já conseguiu privatizar a distribuidora do Piauí e marcou para setembro o leilão da empresa do Amazonas. Falta a de Alagoas, cuja venda foi suspensa pelo STF.
O valor da venda das três distribuidoras ontem foi simbólico: R$ 45,5 mil para cada uma. Para levar a Eletroacre, a Energisa se comprometeu a reduzir a conta de luz em 3,27%. No caso da Ceron, de Rondônia, o desconto será de 1,75%. Em Roraima, não haverá corte na tarifa. Em todos os casos, entretanto, os novos controladores assumem as dívidas das empresas e se comprometem a investir, no total, R$ 668 milhões em até 60 dias e R$ 1,5 bilhão em cinco anos.
– Estatal tem dificuldade de ser eficiente, não pode mandar gente embora. O principal agora é a capacidade de investir, coisa que a Eletrobras não tinha – disse Wilson Ferreira Jr., presidente da estatal.
Apesar das dívidas da Boa Vista Energia, de Roraima, o Grupo Oliveira decidiu comprá-la porque detém 90% da geração de energia no estado. O estado não faz parte do sistema interligado nacional e importa parte da energia da Venezuela.
– Somos conhecedores da região. Fomos escolhidos por Deus, não só pela (nossa) oferta- comemorou Orsine Oliveira, presidente do grupo.
No caso da Energisa, que já detinha nove concessões de distribuição de luz no país, a compra das duas novas unidades faz parte da estratégia de obter ganhos de sinergia com os outros ativos, informou a empresa.