Estatal recobra saúde em dois meses, diz Wilson Ferreira
Os próximos dois meses serão fundamentais para que a Eletrobras conclua ações operacionais e de venda de ativos que o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, acredita que permitirão melhorar a situação operacional de alavancagem da companhia, tornando-a mais saudável. A primeira listada por Ferreira é a privatização das distribuidoras estaduais que foram federalizadas.
O executivo disse que aguarda as contribuições do Tribunal de Contas da União (TCU) para “melhorar o processo” e publicar o edital. E junto, correndo paralelamente, citou o projeto de venda de 70 Sociedades de Propósito Específico (SPEs) por meio das quais a estatal tem participação acionária em vários empreendimentos.
Segundo ele, o conselho de administração da Eletrobras deve ser manifestar na próxima semana com relação a preços mínimos para essas participações. “Nosso trabalho aqui é avaliar o melhor cronograma para efetivação do leilão das SPEs e do processo de venda das distribuidoras. Esses dois blocos, operacionais e de desmobilização de ativos, são os que trarão para a companhia condições de alavancagem mais saudáveis, mais de mercado”, disse Ferreira em teleconferência com analistas sobre o resultado do primeiro trimestre.
Segundo Ferreira a licitação das 70 participações está marcada para o dia 29 de junho, mas a empresa está atenta para evitar que a venda não concorra com o leilão de transmissão da Aneel, e nem com a licitação das distribuidoras.
A Eletrobras teve lucro de R$ 56 milhões no primeiro trimestre, 96% menos do que ao mesmo período de 2017, apesar do crescimento de 9%, para R$ 9,14 bilhões, da receita operacional bruta.
O resultado das operações de geração e transmissão cresceu 12%, para R$ 1,4 bilhão, mas essa boa performance foi anulada pelo prejuízo de R$ 1,91 bilhão do segmento de distribuição.
A empresa que mais contribuiu para esse prejuízo, com R$ 1,3 bilhão, foi a Amazonas D. Uma das causas foi a redução de R$ 377 milhões no reembolso da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC). O executivo disse ainda que movimentos que vão acontecer no campo político são fundamentais. E acha razoável esperar que o projeto de lei da privatização da companhia se dê em até 75 dias. Sobre as expectativas de tramitação da Medida Provisória 814, a previsão é que a MP seja votada no Congresso até a primeira semana de junho, para sanção presidencial ao longo do mesmo mês. A MP dá os elementos fundamentais para a privatização das distribuidoras e autoriza o aumento da tarifa da usina nuclear de Angra 3.
Isso permitirá o aumento da energia da usina, que está com obras paradas para algo em torno de R$ 400 por MW/h, o que precisará ser referendado pelo Conselho Nacional de Política Energética. Pela estrutura de financiamento atual, com juros subsidiados, a tarifa seria de R$ 235, o que é insuficiente para terminar a obra. Segundo o presidente da Eletrobras, se os números de Angra 3 forem olhados “com lupa” as perdas são de R$ 12 bilhões.