Exposição ao GSF pressiona geradoras
As companhias que têm energia hídrica contratada no mercado livre devem ser as mais pressionadas pelo risco hidrológico (medido pelo fator GSF, na sigla em inglês) ao longo deste ano. No entanto, mesmo aqueles contratados no mercado regulado que aderiram ao “seguro” criado pelo governo em 2015 podem estar expostas.
Isso porque as empresas puderam escolher entre níveis de proteção, que podiam ser de 100% ou um percentual menor.
Além disso, mesmo as hidrelétricas protegidas por liminares que limitam o GSF são pressionadas, pois precisam provisionar os montantes equivalentes à exposição. Isso não tem efeito caixa, mas afeta o resultado das companhias.
É o caso da AES Tietê. Com exceção do complexo eólico Alto Sertão II, adquirido recentemente da Renova, a companhia tem a matriz totalmente hídrica e contratada no mercado livre. A geradora participou da reunião com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) semana passada. “Queremos resolver rapidamente, quanto mais rápido melhor”, disse Ítalo Freitas, presidente da AES Tietê.
Das empresas que já divulgaram os resultados do primeiro trimestre, o GSF não foi um problema, devido à alocação menor de contratos no período. Foram os casos da Engie Brasil Energia (antiga Tractebel) e da EDP Energias do Brasil, que registraram ganhos com energia secundária (o contrário do GSF) no período.
A tendência, porém, é que o cenário se reverta ao longo do ano. Segundo os analistas do Credit Suisse, Vinicius Canheu e Arlindo Carvalho, a combinação do grande déficit hídrico com os preços altos de energia no mercado livre devem pressionar todas as geradoras hidrelétricas. Mesmo aquelas que deixaram uma sobra de energia descontratada na forma de proteção serão afetadas, pois deixarão de ganhar com a venda da energia que não será gerada.
No fim de março, o banco antecipou a isso e rebaixou para venda as recomendações de ações de empresas como Engie e AES Tietê. A Cesp também está exposta, devido ao grande volume de energia vendida no mercado livre.
Com o impasse no mercado livre referente às liminares do GSF (ver mais em Risco hidrológico pode custar R$ 39 bi às hidrelétricas), não só as hidrelétricas saem perdendo, mas todo o setor elétrico. Os geradores de outras fontes que são credores no mercado livre não estão recebendo integralmente os montantes a que teriam direito desde 2015.