Governo não vai levar estatal ao Novo Mercado
O ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, disse ontem que a entrada na Eletrobras no Novo Mercado da B3 não será uma condição para que a empresa seja privatizada. “Levar a Eletrobras ao Novo Mercado no nosso entendimento, na visão atual, ampliaria o cronograma [da privatização] e comprometeria os prazos que nós queremos. Possivelmente isso será uma obrigação para o novo investidor e não uma condição prévia ao leilão”, disse ele referindo-se ao processo de transferência de controle da estatal ao setor privado.
Pedrosa, que é secretário executivo do ministério, ocupa interinamente o cargo de ministro enquanto o titular da Pasta, Fernando Coelho, cumpria compromisso no exterior. Ele participou do 17º Encontro da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine).
Durante o evento, Pedrosa disse que a interferência política sofrida pela Eletrobras nos últimos 12 anos levou a companhia a registrar prejuízos da ordem de R$ 175 bilhões. Segundo ele, somente no ano passado, no momento em que o governo já vivia um cenário fiscal complicado, foi necessário fazer um aporte de R$ 3 bilhões na estatal para que a companhia conseguisse cumprir com todas as obrigações de investimentos.
Um dos principais problemas da estatal, afirmou Pedrosa, envolve o controle das distribuidoras deficitárias que atendem estados das regiões Norte e Nordeste. Essas distribuidoras devem ser privatizadas até o início de 2018. “Aí me perguntam: você vai vender as distribuidoras? Se eu pudesse, eu daria de graça”, disse.
O secretário afirmou que desde que essas distribuidoras deixaram de ser controladas por governos estaduais, no processo de federalização, a estatal vem assumindo prejuízos da ordem de R$ 40 bilhões. Agora o governo planeja privatizar as seis subsidiárias no início do ano cobrando valor simbólico de R$ 1. Em contrapartida, vencerá a disputa quem oferecer a cobrança de menor tarifa dentro da sua região de atuação.
Durante a palestra para empresários, Pedrosa acusou a gestão anterior de desvirtuar o propósito de existência da estatal. “A Eletrobras foi usada historicamente como um instrumento de manutenção de poder, de construção de alianças, de intervenção na economia, com as melhores e as piores razões, a depender do momento”, afirmou.
O secretário considera que tem conseguido superar um “modelo intervencionista”. “O governo chamava para si a responsabilidade de definir arranjos comerciais, definir preços.” Ele disse que a Eletrobras deixará de praticar para sempre a “taxa patriótica de retorno”. “Isso não é ideológico, não é baseado num projeto político. É pragmático: Não temos os recursos que ela precisa para competir no mercado”.
Pedrosa afirmou ainda que se sente “muito orgulhoso” de perceber que o setor elétrico tem sido um “pilar” da atual recuperação da economia. “Estamos sendo centrais na recuperação. Percebemos isso quando a gente olha a alta do valor das empresas na bolsa, a queda dos juros no país e o início da recuperação do emprego”, disse.