Governo vai conectar Roraima ao sistema nacional de energia
Recursos de fundo setorial vão bancar ampliação de linha de transmissão até Boa Vista
O país deve finalmente livrar Roraima da dependência de energia elétrica da Venezuela, que enfrenta grave crise social e econômica. O estado, que faz fronteira com os vizinhos sulamericanos, deve ser ligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN) por meio de um linhão de transmissão de energia cujo projeto está parado há anos. Agora, o governo decidiu usar recursos do fundo setorial Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) para bancar o empreendimento, cujo orçamento inicial está entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão.
O governo também vai liberar o licenciamento da Funai que ainda está pendente, pois parte da obra está em área indígena.
A maior parte da energia elétrica consumida em Roraima (72%) tem como origem a Venezuela. O restante (28%) é gerado a partir de usinas termelétricas. Os dois casos são problemáticos. A energia oriunda da Venezuela é considerada cara e instável. As falhas frequentes prejudicam o fornecimento no estado e atrapalham a economia local. A alternativa são as usinas termelétricas, cada vez mais acionadas devido à deterioração da linha de transmissão entre Brasil e Venezuela. A CCC é bancada por todos os brasileiros, embutida nas contas de luz.
Roraima é o único estado do país que ainda não integra o SIN. A expectativa é que as obras sejam iniciadas ainda neste ano e fiquem prontas até o fim de 2018.
O decreto que permite os aportes da CCC já foi assinado pelo presidente Michel Temer e deverá ser publicado nos próximos dias. A construção da linha que ligará Boa Vista a Manaus, se integrando ao Linhão de Tucuruí — e, consequentemente, ao SNI — será feita pela Eletronorte. Inicialmente, a obra havia sido entregue à Transnorte Energia, que tem como sócios a Alupar (com 51%) e a Eletronorte. A Alupar, porém, decidiu sair do empreendimento. A linha tem mais de 1.400 quilômetros e foi licitada em 2011. Ela deveria ter entrado em operação em 2015.