Hora de equilibrar medidas
A crise hídrica que o País enfrenta em 2021 está parcialmente mitigada. Com o início do período úmido, em novembro, as chuvas das últimas semanas proporcionaram algum fôlego à geração hidrelétrica e levaram à revisão de algumas das medidas adotadas para assegurar o suprimento de energia. É o caso do Programa de Redução Voluntária da Demanda (RVD), suspenso pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) nesta semana.
A melhora apresentada nos níveis dos reservatórios permite flexibilização das medidas de contenção do consumo. A RVD é uma boa solução, bem como uma oportunidade interessante para alguns consumidores; entretanto, tem alto custo e complexidade operativa para sua medição e para viabilizar a compensação financeira para os participantes, o que torna imprescindível sua reformulação e simplificação para se tornar um mecanismo de contribuição do segmento consumo para o sistema. Ademais, o momento em que vivemos é de reaquecimento da economia e retomada do setor produtivo, de modo que as indústrias e serviços podem, gradativamente, aumentar o ritmo de suas atividades sem a preocupação com a redução do consumo de energia, insumo fundamental para qualquer setor econômico.
A ANACE entende que é preciso que se ressalte a necessidade de manutenção de outras medidas. O período atual deve ser de transição, reduzindo as ações de maior complexidade e mais onerosas para a sociedade, mantendo outras mais estratégicas, com vistas a garantir a recuperação do armazenamento dos reservatórios. Disso decorre que o operador enfrenta dois desafios: assegurar a oferta de energia atual e preparar o sistema para o próximo período seco.
Para ter sucesso no segundo objetivo, é recomendável que se continue a economizar água e que se mantenha a geração termelétrica estritamente necessária para assegurar o suprimento de energia para o mercado; todavia, o seu custeio dessas medidas não pode recair somente sobre os consumidores e deve ter contribuição de todos os agentes.