Indústria defende térmicas a gás na base para reduzir custo da energia

Indústria defende térmicas a gás na base para reduzir custo da energia

Estudo elaborado pela CNI para os presidenciáveis sugere mudanças na forma de contratação dos leilões de geração.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizou um conjunto de estudos os quais foram apresentados aos pré-candidatos à presidência da República no início de julho. Um dos estudos está voltado para o setor elétrico. Em resumo, a entidade defende a inclusão de termelétricas a gás na base de geração do sistema elétrico brasileiro para reduzir os custos da energia e garantir segurança no abastecimento. Além disso, as térmicas desempenhariam um papel estratégico contribuindo para o desenvolvimento do mercado de gás natural no Brasil, bem como garantindo a expansão do uso de outras fontes renováveis, como eólica e solar.

Segundo o estudo, o Brasil conta com cerca de 13 GW de capacidade instalada em usinas termelétricas a gás natural, o que representa 8% da potência instalada total no país e 30% das térmicas em operação (2016). De acordo com o Plano Decenal de Energia (PDE 2024), a expansão do parque gerador termelétrico agregará 10,5 GW até 2024, a partir de usinas preferencialmente movidas a gás natural.

O especialista em energia da CNI Roberto Wagner Pereira explica que um dos obstáculos está justamente na atual metodologia de contratação dos leilões de geração, que impõe risco elevados aos projetos, configurando uma importante barreira à expansão da fonte na matriz. “A ideia é que sejam contratadas térmicas para operar na base, com projetos adequados, com menor flexibilidade, tecnologias e custos menores, para aproveitar o gás que teremos com a expectativa do pré-sal”, disse Pereira em entrevista à Agência CanalEnergia.

A obrigação de lastro, como exigida atualmente, configurasse como um dos principais desafios à contratação de novas usinas a gás natural. A exigência de comprovação de suprimento de combustível para atender ao despacho térmico permanente a plena potência, segundo o estudo, é inconsistente com o papel de backup desempenhado por essas usinas, nas quais o consumo de gás pode ocorrer por vários meses ou não se materializar. Dessa forma, caso um projeto térmico seja contratado, o fornecedor de gás natural comprometerá grandes montantes de suas reservas e capacidade de transporte com uma demanda térmica muito volátil.

Além disso, “a negligência do fator locacional é especialmente danosa ao gás natural, que também detém uma indústria de rede, em que a configuração física é determinante para aproveitamentos de economias de escala e escopo.”