MME divulga NT de conclusão da consulta sobre expansão do ACL

MME divulga NT de conclusão da consulta sobre expansão do ACL

Contribuições vão subsidiar revisão do modelo. MME quer aprovar legislação mais flexível para destravar o setor elétrico

O Ministério de Minas e Energia publicou nesta quinta-feira, 11 de maio, nota técnica com as conclusões sobre a consulta pública que discutiu os aspectos a serem observados na expansão do mercado livre de energia elétrica. O processo revelou convergências de visão com o mercado e deu maior clareza sobre os princípios que serão considerados pelo governo ao elaborar os termos da medida provisória que pretende revisitar o modelo do setor elétrico. O assunto será amplamente debatido durante o 14º Encontro Nacional dos Agentes do Setor Elétrico (Enase) na semana que vem (17 e 18 de maio) por agentes do setor e representantes do governo, como o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho; e o secretário-executivo do MME, Paulo Pedrosa.

“A gente está partindo de uma consulta com a intenção de fazer uma legislação flexível e depois, numa etapa de dialogo ainda mais estruturada, detalhar essa legislação”, explicou o assessor da secretaria executiva do MME, Paulo Gabardo, após a reportagem contatar o MME após a publicação da NT na manhã desta quinta-feira, 11. A intenção de editar uma MP com as bases para modernização do setor ainda no primeiro semestre desse ano foi revelada na semana passada à Agência CanalEnergia pelo secretário-executivo do ministério, Paulo Pedrosa.

“A ampliação do mercado é o Norte que conduzirá a discussão sobre o aperfeiçoamento do modelo setorial, visando à eficiência e, com isso, a melhores benefícios para a sociedade como a redução de custos e aumento da produtividade da economia”, reforçou o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Barroso.

Gabardo destacou que a legislação pretende desatar os nós que têm travado o funcionamento do setor, e que foram apontados pelos agentes de mercado na consulta pública. A expectativa é de que a lei resultante da MP seja votada no Congresso até o fim do ano para que em 2018, ano de eleições, apenas os atos que não dependam do Legislativo, como decretos, portarias e normas da agência reguladora, possam ser debatidos em novas rodadas de consulta e de audiência públicas.

O resultado da sondagem aos agentes foi elogiado pelo presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Luiz Barroso. O executivo considerou o processo de consulta pública “extremamente positivo” e destacou a apresentação de respostas tecnicamente sólidas, que respaldaram propostas de aperfeiçoamento já em discussão pelo governo. “A inteligência coletiva nas respostas permitiu também incorporar novos temas à discussão, o que torna todo o processo mais robusto”, acrescentou Barroso.

A consulta pública foi aberta pelo MME em 4 de outubro de 2016, com a apresentação de um questionário sobre a ampliação do mercado livre, benefícios e riscos. O prazo para o envio de contribuições foi prorrogado por 30 dias a pedido dos participantes, e 25 manifestações por escrito foram recebidas pelo ministério. “As contribuições agregaram bastante ao identificar uma quantidade impressionante de pontos de convergência e elementos novos. Isto corroborou a visão que, para avançar na direção de maior abertura, serão indispensáveis novas etapas de discussão com a sociedade, mantendo a coerência de nossos atos”, explicou o presidente da EPE.

Em linhas gerais, as propostas trataram da alocação adequada de riscos e de custos associados à expansão do sistema, para garantir a segurança do abastecimento de energia; e da redução das incertezas associadas à ampliação do mercado livre, “com respeito aos contratos vigentes. ”  Parte das mudanças sugeridas dependem da aprovação de lei e parte pode ser feita por decreto, resolução do Conselho Nacional de Política Energética, portarias do MME e resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica.

Nem todas as medidas destinadas a fortalecer e incentivar o mercado serão tratadas dentro da discussão da MP sobre as mudanças no modelo setorial, ressalva o assessor do MME. Algumas são desdobramentos da lei 13.360, de 2016, que determinou a elaboração pelo ministério de um plano de redução de subsídios do setor. Esse tipo de medida, incluída nas contribuições apresentadas na consulta, já está em estudo pelo MME.

A nota técnica disponível no site do ministério condensa em dez pontos as questões destacadas pelo mercado. Elas abrangem desde a redução gradual da exigência de carga para contratação de energia pelo consumidor no mercado livre à racionalização da política de subsídios para evitar distorções de mercado. Há também contribuições sobre o aumento da participação do ambiente livre no custeio de expansão do sistema; a redução da responsabilidade das distribuidoras na gestão da compra de energia; a correção de incentivos inadequados para migração de consumidores para o mercado livre ou para a autoprodução de energia e mudanças no mecanismo de formação de preços para aproximá-lo da operação.