Para preservar hidrelétricas, térmicas vão continuar em funcionamento neste mês.
Segundo ministério, volta das chuvas ainda não causou ganho significativo nos reservatórios
O Ministério de Minas e Energia informou ontem que vai manter as usinas térmicas, mais caras, em funcionamento no início de novembro, mesmo após o custo da geração de energia no país ter sofrido “acentuada redução” devido ao início do período chuvoso. A decisão foi tomada para preservar a água nas barragens das hidrelétricas.
O ministério disse que a volta das chuvas não refletiu em “ganhos significativos nos níveis de energia armazenada dos reservatórios”, que operam com os menores índices dos últimos anos. A manutenção de mais térmicas em funcionamento encarece as contas de luz no país. O custo para gerar eletricidade sobe conforme aumenta a necessidade de usar mais térmicas movidas a óleo, gás e carvão.
Parte do custo extra é cobrado por meio das bandeiras tarifárias. Na semana passada, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aumentou a taxa extra cobrada quando a bandeira vermelha 2 está em vigor de R$ 3,50 para R$ 5,00 a cada 100 kilowatt-hora consumidos.
Quando a bandeira não consegue compensar a geração mais cara, o custo extra é colocado nos reajustes anuais das distribuidoras de energia. O próximo reajuste da Light e da Enel (ex-Ampla), por exemplo, está previsto para março.
REUNIÕES SEMANAIS
A decisão de ontem foi tomada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O órgão, que reúne as principais autoridades do governo no setor, vem se reunindo semanalmente para avaliar a situação de abastecimento de energia no país. Com a manutenção das usinas mais caras em operação, o governo reconhece, no jargão do setor elétrico, o despacho de térmicas fora da ordem de mérito. Ou seja, serão acionadas as usinas com custo acima do preço da energia no mercado à vista. Até agora, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) vinha ligando as térmicas baseando-se a energia gerada pelo menor custo. Em nota, o Ministério de Minas e Energia informou que ficou decidido manter em operação usinas térmicas com custo de até R$ 702,50 por megawatt-hora. O ministério não informou o quanto caiu o custo de geração.