Por causa da crise do coronavírus, Eletrobras admite que privatização fica para 2021
RIO – A paralisação da economia por conta da pandemia do novo coronavírus fez o governo federal adiar para próximo ano a privatização da Eletrobras, maior geradora e transmissora de energia do país.
Na tarde desta segunda-feira, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que o Congresso deve priorizar o combate à doença, e o projeto de lei que viabiliza a privatização da companhia só deve acontecer no segundo semestre do ano.
— A privatização da Eletrobras continua sendo uma prioridade — afirmou Ferreira Júnior. — Mas reconhecendo a particularidade do momento, um conjunto de prioridades se colocou à frente da Eletrobras no enfrentamento dessa crise do coronavírus. Então, muito provavelmente o PL deverá ser aprovado no segundo semestre.
Em teleconferência com investidores e analistas do mercado para apresentação dos resultados financeiros do ano passado, o executivo destacou que a companhia está em situação sólida, mas espera que recupere maior valor de mercado, com a valorização de suas ações após a superação da crise provocada pela pandemia.
Em 2019, a Eletrobras registrou lucro líquido de R$ 10,7 bilhões, resultado 20% inferior aos R$ 23,3 bilhões do ano anterior. Ferreira Júnior minimizou o fato, explicando que a queda foi ocasionada por fatores não recorrentes, como a retirada de provisão de R$ 7,2 bilhões para a usina de Angra 3. Segundo o executivo, a companhia teve o seu melhor desempenho desde o início do processo de reestruturação, há dois anos.
Além do atraso na privatização, Ferreira Júnior informou que a usina nuclear de Angra 3 levará pelo menos mais 11 meses para ficar pronta. A previsão agora é que a planta entre em operação apenas em novembro de 2026.
A expectativa do executivo é que, mesmo com a economia praticamente paralisada, o Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) aprove em breve o modelo de retomada das obras — paradas desde 2015 — para a escolha do parceiro privado.