Rateio na conta de luz
Os apagões na Venezuela vão impactar na fatura de energia dos brasileiros. Roraima, único estado a não estar conectado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), dependia da importação de energia do país vizinho, que deixou de cumprir o contrato em 7 de março, quando começou a série de apagões. Ontem, em audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse que garantir o abastecimento de Roraima vai custar R$ 1,9 bilhão a mais para os consumidores.
Como a Venezuela mal consegue suprir seu próprio território, o Brasil passou a despachar termelétricas a óleo diesel, que produzem a energia mais cara do mercado. Albuquerque explicou que a geração chega a 210 megawatts (MW) em térmicas abastecidas com o combustível. O impacto será de quase R$ 2 bilhões ao longo de 2019. Como no setor elétrico a conta é sempre rachada, a previsão é de aumento de, pelo menos, 0,34% nas faturas dos consumidores.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) explicou que, segundo estimativas da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a diferença entre o custo anual de operação do sistema elétrico de Boa Vista com a importação da Venezuela — estimada em 30 MW médios durante o dia e 120 MW médios durante a noite — e sem a energia do país vizinho é de R$ 684 milhões adicionais aos R$ 730 milhões já previstos para a operação desse sistema no orçamento da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC) de 2019.
“Considerando 10 meses de suprimento sem a importação da Venezuela, há um custo adicional de R$ 570 milhões, o que resultaria no aumento médio de 0,34% nas tarifas dos consumidores finais”, afirmou a Aneel, em nota. “Os recursos adicionais impactariam a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)”, acrescentou.