Reservatórios têm queda e Sudeste fica com nível inferior ao do Nordeste
Os reservatórios hidrelétricos do subsistema Sudeste/Centro-Oeste acumulam queda de 5,4 pontos percentuais no nível de estoque em julho, de acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O subsistema é responsável por cerca de 70% da capacidade de armazenamento de água para geração de energia do país. Os lagos das usinas das duas regiões, consideradas a “caixa d’água” do setor elétrico, registraram na segunda-feira nível de armazenamento de 34,4%, abaixo da média das hidrelétricas do Nordeste (35,1%), que esteve em situação mais crítica nos últimos anos.
As usinas do Nordeste acumulam queda de armazenamento em julho de 2,5 pontos percentuais. Na mesma comparação, os reservatórios das hidrelétricas do Sul tiveram redução de 1,5 ponto percentual no armazenamento em julho, marcando atualmente 49,6%.
Já as hidrelétricas do Norte estão com 67,2% da capacidade de armazenamento. No mês, elas acumulam queda de 3,2 pontos percentuais no nível de estoque.
Segundo o Instituto Climatempo, a frente fria que recai sobre o Sudeste terá um reforço na próxima quinta-feira, com a intensificação do volume de chuvas até 10 de agosto. “Essa frente fria vai ganhar reforço no dia 2 [de agosto] com chuvas nas bacias do Paranapanema, Tietê e Grande até 10 de agosto. Haverá chuva significativa”, explicou Patricia Madeira, diretora do instituto de meteorologia.
O volume de chuvas concentrado em importantes bacias, como Paranapanema e Grande, devem ter efeito positivo no nível de estoque das usinas do Sudeste/Centro-Oeste. Patricia, contudo, explicou que as chuvas não devem ser suficientes para alterar significativamente o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) – o preço de energia de curto prazo – porque a região Sul, que normalmente registra volume de chuvas mais intenso nessa época do ano, passa por estiagem e continua demandando contribuição de outras regiões.
O Climatempo não prevê a ocorrência de chuvas significativas a partir de 10 de agosto. Para setembro, a estimativa é um volume de chuvas abaixo da média histórica.
Patricia alerta ainda para outro ponto de preocupação. O instituto vê sinais de formação do fenômento “El Niño” no fim deste ano, o que poderá fazer com que o período úmido, que normalmente começa em dezembro, atrase o seu início.
Ontem, a Petrobras sinalizou que não deverá adiar a parada técnica programada da plataforma de Mexilhão, na Bacia de Santos, e de um conjunto de termelétricas a gás natural. A plataforma é uma importante unidade fornecedora de gás para o mercado brasileiro e o parque termelétrico do país.
O adiamento da manutenção foi um apelo feito pelo ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, ao presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, em reunião na segunda-feira à noite, em Brasília. No encontro, Monteiro apresentou razões para não postergar a medida.
Segundo a Petrobras, a parada técnica de Mexilhão envolve um investimento da ordem de R$ 1 bilhão e mobiliza mais de 500 pessoas. A empresa pretende substituir a oferta de gás de Mexilhão por importação de gás natural liquefeito (GNL). De acordo com a companhia, não haverá impacto na tarifa de energia.
Os detalhes da parada técnica em Mexilhão serão apresentados hoje pela Petrobras, em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), em Brasília.