Setor elétrico está pronto para expansão do País
O incremento da economia, invariavelmente, implica aumento do consumo de energia. No entanto, o setor elétrico brasileiro tem capacidade e até mesmo certa folga para atender à perspectiva de melhoria do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos anos. Essa é uma das projeções da plataforma de inteligência para o segmento de energia chamada MegaWhat, que foi lançada nesta quarta-feira, em São Paulo.
Conforme análise da ferramenta, mesmo que o PIB aumente até 2023 a um ritmo de 2,5 pontos percentuais a mais do que o previsto pelas entidades financeiras, o setor elétrico terá condições de atender à demanda. Ou seja, se levar em consideração a projeção de elevação do PIB para 2019 de cerca de 1%, haveria eletricidade para satisfazer até um desempenho de 3,5% e, em 2020, com um incremento em torno de 2% do PIB, o segmento de energia poderia corresponder a uma alta de até 4,5%.
O cálculo da MegaWhat levou em consideração a carga prevista pela segunda revisão do Plano de Operação Energética (PEN) de 2019 a 2023, segundo a qual a garantia física da geração somará 96 GWm em 2023, contra uma carga demandada de 79 GWm, uma sobra de 17 GWm. Outro apontamento feito pela empresa é o aumento da energia solar e eólica no mundo, que, em 2005, correspondia a apenas 1% da matriz elétrica do planeta e passou, agora, para 6%. No Brasil, esse percentual sobe para 10%. Um dos fatores que explica esse fenômeno é o aprimoramento da tecnologia e a redução de custos dos equipamentos.
Apesar do crescimento da fonte solar no País, algo que pode refrear um pouco seu desenvolvimento é a revisão da Resolução Normativa nº 482/2012 referente às regras aplicáveis à micro e minigeração distribuída (produção de energia pelo próprio consumidor, na maior parte das vezes feita por painéis fotovoltaicos).
A perspectiva é que sejam atribuídos mais custos devido ao uso das redes das distribuidoras para esse tipo de atividade, não ficando tão atrativa como é até agora. O presidente do Grupo Comerc Energia, Cristopher Vlavianos, admite que o segmento de geração distribuída sofrerá impactos, mas diz que continuará competitivo em longo prazo. “O investimento na geração distribuída não vai acabar, vai se adaptar”, argumenta. A Comerc é a principal acionista da MegaWhat.
Sobre essa plataforma, Vlavianos destaca que a iniciativa é para ser colaborativa, semelhante ao que acontece com outras soluções, como Wikipédia e Waze, sendo uma ferramenta de acesso fácil às informações e aos dados do setor de energia. O executivo ressalta que essa área é muito complexa e exemplifica lembrando que, entre 2015 e 2019, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou mais de 3 mil resoluções.
Entre os possíveis usuários do serviço, Vlavianos cita empresas do setor elétrico, investidores, consumidores do mercado livre de energia (que podem escolher de quem vão comprar a eletricidade), entre outros. A ideia é cruzar informações de entidades como Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Operador Nacional do Sistema (ONS) Elétrico, Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), entre outras.
A iniciativa conta com uma base com dados de diversas entidades do setor e de fontes públicas, projeções de preços de energia elétrica e outros recursos. Para o próximo ano, já está prevista a oferta de cursos on-line e presenciais, além de serviços de consultoria on-line sob demanda. O acesso à plataforma pode ser feito pela internet, no endereço http:megawhat.energy. Inicialmente, a solução ficará disponível gratuitamente aos interessados, contudo está prevista a cobrança de assinaturas em valores e datas a serem definidos.